Aos 31 anos, a brasileira Raquel Kochhann não teve um ciclo olímpico fácil. Além dos desafios inerentes a uma atleta olímpica, com rotina intensa de treinos e preparação física, a jogadora de rúgbi sevens enfrentou um câncer de mama que a afastou dos gramados por quase dois anos. Na sexta-feira, ela será porta-bandeira do Brasil, ao lado de Isaquias Queiroz, na cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris-2024.
Natural de Saudades, em Santa Catarina, Raquel Kochhann sonhava em ser jogadora de futebol desde pequena. Ela chegou a atuar pelo Juventude e, em 2010, foi pré-convocada para a seleção brasileira sub-17. No entanto, uma lesão a impediu de seguir no futebol profissional.
Aos 19 anos, Raquel conheceu o rúgbi e decidiu seguir carreira na modalidade. Em pouco tempo, tornou-se uma das líderes da seleção brasileira de rúgbi sevens, participando dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, quando a modalidade estreou no torneio, e em Tóquio-2021.
O diagnóstico e a luta contra o câncer
Pouco antes da edição japonesa dos Jogos Olímpicos, Raquel notou um caroço estranho no peito. Durante a competição, consultou-se com os médicos do Time Brasil, mas nada de anormal foi detectado. Um ano depois, o caroço havia dobrado de tamanho e células cancerígenas foram encontradas. Raquel estava com câncer de mama.
Além do câncer, Raquel enfrentou outro grande desafio: ela havia rompido o ligamento cruzado anterior do joelho direito na última etapa do Circuito Mundial, em Toulouse, na França. Com isso, ela ficou fora dos gramados por dois anos.
Durante o tratamento com quimioterapia e radioterapia, Raquel manteve uma rotina de exercícios adaptados para se manter em forma. Ela permaneceu junto ao grupo da seleção brasileira, fortalecendo o aspecto mental e o vínculo emocional com a equipe.
“Nunca vi nada parecido na minha vida. A Raquel mostrou uma força incrível neste período, vinha treinar todos os dias mesmo durante o tratamento. E, quando não estava treinando, ajudava a equipe da forma que podia: filmando as atividades, levando água para as companheiras ou motivando a equipe. É um exemplo para todos nós”, afirmou Will Broderick, treinador da seleção feminina de rúgbi.
No final de 2023, Raquel voltou a competir profissionalmente pelo Charrua Rugby Clube, do Rio Grande do Sul, no Campeonato Brasileiro. Em janeiro de 2024, recebeu a notícia que tanto esperava: voltou a ser convocada pela seleção brasileira.
Em conjunto com a equipe, Raquel fez uma forte campanha no cenário mundial e assegurou a vaga brasileira para Paris-2024. A presença de Raquel na equipe simboliza não apenas sua recuperação, mas também a resiliência e a determinação necessárias para superar grandes adversidades.
Primeira atleta brasileira a competir após câncer
Raquel se tornará a primeira atleta brasileira a disputar os Jogos Olímpicos após se recuperar de um câncer. “Essa sensação de levar a bandeira para o mundo inteiro ver em uma cerimônia de abertura é algo que não consigo explicar em palavras. Trabalhamos muito no Brasil para que o rúgbi cresça e ganhe seu espaço”, celebrou Raquel.
Ser escolhida como porta-bandeira é uma honra que reflete sua incrível trajetória e a importância de sua história de superação. Raquel dividirá essa honra com Isaquias Queiroz na cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris-2024, mostrando ao mundo sua força e determinação.
Expectativas para a Olimpíada de Paris-2024
O rúgbi brasileiro está no Grupo C e inicia sua jornada no Stade de France com duas partidas no dia 28, às 12h contra a França, e às 15h contra os Estados Unidos. No dia 29, às 10h, o time enfrentará o Japão. A equipe está determinada a mostrar sua força e alcançar bons resultados na competição.
A participação de Raquel Kochhann nas Olimpíadas de Paris-2024 é mais do que uma conquista pessoal; é uma inspiração para todos que enfrentam desafios na vida. Sua história mostra que, com determinação e apoio, é possível superar até as maiores adversidades.
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