A superdotação e as altas habilidades (AHSD) são temas cada vez mais relevantes no campo da educação, especialmente quando se trata de identificar e apoiar adequadamente esses estudantes. No Brasil, estima-se que entre 3% a 5% da população seja superdotada, o que representa cerca de 4 milhões de pessoas.
Em Santa Catarina, esse desafio tem inspirado novas iniciativas, como a primeira edição da Conferência Estadual de Altas Habilidades e Superdotação, promovida pelo Parlamento catarinense. O evento, que ocorre nesta quinta-feira (22) em Florianópolis, visa reunir educadores, psicólogos, gestores públicos, e outros profissionais para debater e encontrar soluções para as dificuldades enfrentadas por alunos superdotados no estado.
De acordo com o Censo Escolar de 2022, 26.815 alunos foram identificados com altas habilidades ou superdotação no Brasil. Apesar desse número, muitos casos ainda passam despercebidos, principalmente devido à falta de conscientização e formação adequada entre educadores e profissionais da saúde. A identificação precoce é crucial para que esses estudantes possam receber o suporte necessário e desenvolver todo o seu potencial.
A conferência tem como um de seus principais objetivos discutir estratégias para melhorar a identificação de alunos com altas habilidades. A palestra de abertura, ministrada por Angela Magda Rodrigues Virgolim, focará nos desafios que os profissionais enfrentam ao tentar reconhecer esses sinais. Identificar um aluno superdotado vai muito além de perceber um desempenho acadêmico acima da média; envolve também o reconhecimento de traços emocionais e comportamentais que podem indicar altas habilidades.
Superdotação não é apenas sinônimo de inteligência elevada; ela vem acompanhada de uma série de desafios emocionais e sociais que podem dificultar a vida do estudante. A palestra “Superdotação: Intensidade e Sensibilidade; Desafios Familiares e Escolares”, ministrada por Vera Lucia Palmeira Pereira, abordará essas questões em profundidade. Alunos superdotados muitas vezes apresentam uma sensibilidade elevada e uma intensidade emocional que podem ser difíceis de manejar, tanto para as famílias quanto para as escolas.
Esses desafios exigem um ambiente educacional que compreenda e respeite essas características, oferecendo apoio emocional e adaptando o currículo para manter esses alunos engajados e desafiados de forma positiva. Sem o suporte adequado, o risco de problemas emocionais, como ansiedade e depressão, aumenta significativamente, impactando o desenvolvimento do aluno.
A mesa-redonda “Desafios e Soluções na Implementação de Políticas Educacionais para Crianças e Adolescentes com Altas Habilidades e Superdotação” reunirá especialistas para discutir a criação e implementação de políticas públicas que atendam às necessidades desses estudantes. Entre os desafios discutidos estarão a formação continuada dos professores, a adaptação curricular e a criação de espaços que estimulem o desenvolvimento das habilidades dos alunos superdotados.
A falta de políticas educacionais consistentes para apoiar estudantes superdotados é uma preocupação nacional. Embora existam leis que garantam o direito à educação especializada, sua implementação varia amplamente entre os estados e municípios, deixando muitos alunos sem o suporte necessário. Santa Catarina, ao promover esta conferência, dá um passo importante em direção a um modelo educacional mais inclusivo e consciente das necessidades especiais desses alunos.
Outro aspecto crucial abordado na conferência é a importância da colaboração entre educadores, famílias e profissionais da saúde. A identificação e o suporte aos alunos superdotados não podem ser responsabilidade apenas das escolas; é necessário um esforço conjunto para criar um ambiente onde esses estudantes possam prosperar.
Priscila Nunes Antunes da Luz, uma das ministrantes e mediadora da mesa-redonda, destaca que a contribuição das famílias é vital para o sucesso das políticas educacionais voltadas aos superdotados. Os pais e responsáveis, ao serem informados e capacitados, podem colaborar ativamente na identificação das habilidades de seus filhos e na busca por recursos e apoio especializado.
Os alunos com altas habilidades e superdotação têm o potencial de fazer contribuições significativas para a sociedade. Quando adequadamente identificados e apoiados, eles podem se tornar líderes em suas áreas de interesse, trazendo inovação e progresso. Contudo, para que isso aconteça, é essencial que a sociedade como um todo reconheça e valorize esses talentos desde cedo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 3% a 5% da população mundial seja superdotada, o que destaca a importância de criar sistemas educacionais que não apenas reconheçam, mas também nutram esses talentos. No Brasil, isso se traduz em cerca de 4 milhões de pessoas que, com o suporte certo, podem se tornar agentes de mudança em diversos campos.
A programação da conferência
A Conferência Estadual de Altas Habilidades e Superdotação terá início às 7h30 com o credenciamento dos participantes, seguido da abertura oficial às 8h30. Ao longo do dia, especialistas renomados conduzirão palestras e discussões focadas em diferentes aspectos da superdotação e das altas habilidades.
Programação Detalhada:
- 09h30: Palestra “Desafios da Identificação das Altas Habilidades” com Angela Magda Rodrigues Virgolim.
- 11h30: Sessão de perguntas e respostas sobre altas habilidades, conduzida por Priscila Nunes Antunes da Luz.
- 13h30: Palestra “Superdotação: Intensidade e Sensibilidade; Desafios Familiares e Escolares” com Vera Lucia Palmeira Pereira.
- 16h00: Mesa-redonda “Desafios e Soluções na Implementação de Políticas Educacionais para Crianças e Adolescentes com Altas Habilidades e Superdotação” mediada por Priscila Nunes Antunes da Luz, com participação de Angela Magda Rodrigues Virgolim, Ana Paula Pereira Hilário, Vera Lucia Palmeira Pereira e Carla Sasso Simon.
- 17h00: Encerramento do evento.