O governo do Peru avança na valorização de um de seus maiores patrimônios arqueológicos com a abertura de uma licitação para parceria público-privada que visa desenvolver a infraestrutura turística de Choquequirao, uma cidade inca situada no alto dos Andes. Conhecida como a “irmã de Machu Picchu”, a antiga cidade, por muito tempo isolada, está prestes a se abrir ao mundo e receber visitantes de diversos países.
Localizada entre as regiões de Cusco e Apurímac, Choquequirao está a mais de 3 mil metros acima do nível do mar. O acesso atual exige vários dias de caminhada por trilhas íngremes e de difícil travessia, o que restringe as visitas a aventureiros e pesquisadores. Com o novo projeto conduzido pelo Ministério de Comércio Exterior e Turismo (Mincetur) e pela agência estatal ProInversión, o local será transformado em um destino mais acessível e sustentável.
O plano inclui a construção de um teleférico ligando Cusco a Apurímac, melhorias nos caminhos de acesso, criação de centros de recepção turística e obras voltadas à conservação arqueológica. Com investimento superior a 772 milhões de soles, trata-se da maior iniciativa de turismo da história do país. Segundo o Mincetur, a nova infraestrutura deverá gerar milhares de empregos e permitir a chegada de até 700 mil visitantes por ano, impulsionando a economia local e beneficiando comunidades andinas da região.
Acredita-se que Choquequirao tenha sido construída por volta de 1536, durante o período de expansão do Império Inca. Seu nome, que em quéchua significa “Berço de Ouro”, reflete a importância simbólica e o valor histórico do local. Encravada entre montanhas cobertas por densa vegetação, a cidade combina arquitetura urbana, religiosa e agrícola, adaptada com precisão à topografia acidentada.
Apenas cerca de 30% das estruturas do sítio foram restauradas até o momento. O complexo é composto por nove setores que incluem praças, templos, fontes, terraços agrícolas, armazéns e residências. Arqueólogos acreditam que Choquequirao tenha servido como um centro político e religioso de grande relevância, além de possível refúgio inca durante a resistência à invasão espanhola.
A imprensa internacional tem destacado o valor histórico e o potencial turístico do sítio. O jornal espanhol 20minutos.es descreveu Choquequirao como uma impressionante cidade de pedra que permaneceu escondida por quase quatro séculos. Já a National Geographic ressaltou o avançado conhecimento arquitetônico e de engenharia dos incas demonstrado nas ruínas. O The New York Times, por sua vez, incluiu Choquequirao na lista dos 52 melhores destinos do mundo para visitar em 2024, apontando-a como um local ideal para viajantes em busca de experiências autênticas e desafiadoras.
Os especialistas explicam que o isolamento da região foi essencial para sua preservação. Durante a conquista espanhola, acredita-se que os incas da linhagem de Manco Inca conseguiram manter a localização exata da cidade em segredo, o que explica o bom estado de conservação e o mistério que ainda a cerca. O conjunto arquitetônico e as paisagens andinas que o cercam representam um dos exemplos mais notáveis da harmonia entre a natureza e as construções do Império Inca.
A implantação do teleférico e das obras complementares faz parte do projeto “Melhoramento dos Serviços Turísticos Públicos do Parque Arqueológico de Choquequirao”, que busca facilitar o acesso sem comprometer o valor histórico ou o equilíbrio ambiental da região. Além de fomentar o turismo, a iniciativa pretende fortalecer a identidade cultural e proteger o legado ancestral dos povos andinos.
Com sua abertura gradual ao público, Choquequirao promete se tornar um novo símbolo do patrimônio peruano, unindo história, engenharia e natureza. O projeto coloca o Peru em destaque como destino turístico de classe mundial, oferecendo uma alternativa autêntica e sustentável a Machu Picchu e preservando uma das últimas joias do Império Inca.
