Complexo cerimonial com objetos raros é identificado em necrópole nômade nos Montes Urais

Complexo cerimonial com objetos raros é identificado em necrópole nômade nos Montes Urais

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Arqueólogos russos revelaram uma descoberta que redefine a compreensão sobre os rituais das antigas sociedades nômades que viveram no sul dos Montes Urais. Escavações recentes, realizadas na necrópole de Vysokaya Mogila–Studenikin Mar, próxima à cidade de Orenburg, mostraram que certas áreas funerárias funcionavam também como grandes centros cerimoniais usados muito além do momento do sepultamento. O achado faz parte da campanha de 2025 da Expedição Pré-Urais, vinculada ao Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências.

A necrópole se estende por mais de seis quilômetros e é formada por múltiplos montes funerários. Embora escavada há anos, a nova fase do trabalho concentrou-se no setor central. Dois montes foram decisivos para a descoberta: o Monte 19, que apesar de vazio revelou indícios externos relevantes, e especialmente o Monte 1, um túmulo monumental de mais de sete metros de altura. Ao redor dele, arqueólogos encontraram peças valiosas atribuídas a rituais de alto prestígio: uma placa de ouro retratando a cabeça e a pata de um tigre, fragmentos de ferro, armaduras faciais, uma testeira ornamentada e partes de um vaso de madeira decorado com prata.

As escavações também localizaram, na face oeste do mesmo monte, fragmentos de um grande caldeirão e utensílios de bronze usados em cerimônias. Além disso, havia um grande número de acessórios de arreios de cavalo — incluindo itens de bronze, osso e chifre — sugerindo a presença de depósitos votivos ligados ao sacrifício de animais.

Complexo cerimonial com objetos raros é identificado em necrópole nômade nos Montes Urais
Foto: Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências

O estudo aprofundado confirmou que o local continha um enorme complexo de sacrifícios, parcialmente destruído pela agricultura ao longo dos séculos. Uma cova circular, localizada entre os montes, concentrou mais de uma centena de peças de arreios completos, dezenas de ornamentos e mais de 500 pequenas contas. Entre os itens havia máscaras, placas vazadas com figuras mitológicas, aves, símbolos solares e suásticas, além de adornos em forma de rostos humanos e peças representando criaturas híbridas típicas do estilo animalístico das estepes.

O conjunto inclui artefatos datados entre os séculos IV e III a.C., alguns compatíveis com objetos encontrados em túmulos de elites locais, enquanto outros são inéditos na região dos Urais. As semelhanças com materiais do Cáucaso do Norte, da Bacia do Don e do litoral do Mar Negro indicam intensa circulação de bens e ideias entre diferentes sociedades nômades, evidenciando rotas comerciais e contatos rituais de longa distância. Elementos como mandíbulas de javali e recipientes cerimoniais reforçam a hipótese de cultos pós-sepultamento dedicados a líderes de grande influência.

Depósitos semelhantes já foram observados em necrópoles da cultura Filippovka, mas a diversidade e a quantidade de itens deste sítio o tornam um dos maiores complexos rituais conhecidos até agora nos Urais do Sul. Segundo os pesquisadores, os montes funerários não eram apenas sepulturas monumentais, mas centros cerimoniais ativos, revisitados pelas comunidades nômades ao longo de gerações. A investigação das áreas entre os montes, e não apenas dentro deles, pode alterar profundamente o entendimento sobre o papel político, espiritual e cultural desses campos funerários na estepe eurasiática.

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