A tendência nas redes sociais de recriar fotos originais no estilo de desenho animado é tão impressionante e divertida quanto suscita problemas éticos e dúvidas sobre uso de dados na internet
Modelos de inteligência artificial somente funcionam depois de serem treinadas com dados e, essa moda recente dos desenhos, certamente será usada para aprimorar os sistemas de IA da OpenAI.
E não podemos ignorar a provável infração de direitos autorais cometida pela empresa no treinamento e reprodução do estilo do Estúdio Ghibli, premiada produtora de desenhos japoneses: pouco se tem discutido como é duvidosa a maneira como a IA reconhece os elementos das fotografias e como processa as informações presentes nelas: rostos, parentes retratados juntos, localização e outros elementos que conferem a originalidade às fotos.
A empresa não é transparente a respeito desse assunto e isso é preocupante. Desde 2016, o fenômeno Pokémon GO colocou milhões de jogadores de todo o mundo para colaborar, sem saber, coletando imagens e informações de geolocalização para o processamento por uma empresa privada chamada Niantic. Ela alimenta um poderoso modelo geoespacial de IA.
Riscos nas redes sociais
Assim como no uso das IAs, nossos hábitos nas redes sociais podem revelar muito mais do que gostaríamos a estranhos sobre nós mesmos e pessoas do entorno. Pior: muitas vezes, sequer temos consciência disso.
Por isso, convém atentar aos seguintes riscos virtuais relacionados ao compartilhamento de informações pessoais nas redes.
Roubo de identidade
Golpistas que conseguem acesso a coisas tão simples como nome completo, data de nascimento, fotografia do rosto e e-mail de alguém são capazes de promover fraudes.
Os crimes possíveis de se cometer de emulando a identidade virtual de alguém são vários: contratação de empréstimos financeiros indevidos, ciberataques e fraudes em parentes e conhecidos e muitos mais. Portanto, jamais compartilhe esses dados publicamente em redes sociais.
Engenharia social
Informações pessoais menos óbvias do que as mencionadas logo acima podem ser obtidas por manipulação e usadas por golpistas de maneiras inusitadas.
Detalhes aparentemente insignificantes, como datas de aniversários de parentes ou nomes de animais de estimação, podem servir para descobrir as senhas de certas pessoas, por exemplo.
O maior perigo da engenharia social é o fato de ser uma manipulação altamente discreta e eficaz. Criminosos contatam suas vítimas se passando por uma pessoa ou entidade que transmite segurança para obter tais informações.
Perseguição online
Cada vez mais se fala no Brasil de casos de “stalkers”. Eles nada mais são do que perseguidores, que conseguem se intrometer no cotidiano de suas vítimas ou simplesmente vigiá-las silenciosamente usando informações pessoais, fotografias ou marcas de localização divulgadas pelas próprias pessoas em suas redes sociais.
Ameaça à segurança física
Nos piores cenários, a perseguição digital pode extrapolar para o mundo real – o que não apenas é um abuso à privacidade, mas também algo potencialmente perigoso.
Dicas para evitar perigos ao compartilhar dados
Expostos os maiores riscos ligados à publicação de informações pessoais online, confira a seguir algumas medidas protetivas importantes.
Contratar uma VPN
Uma VPN é uma rede privada virtual, que pode ser contratada facilmente pela internet. As vantagens dessa ferramenta para reduzir riscos associados ao compartilhamento de informações online são muitas: ela criptografa todas as comunicações virtuais e esconde o endereço de IP e a geolocalização do cliente, reduzindo sensivelmente o rastro de informações deixado durante a navegação.
Além disso, mascara dados coletados por anúncios virtuais direcionados. Assim, as informações colhidas e agregadas (e muitas vezes revendidas a terceiros) são de um servidor externo, e não de um indivíduo online.
Porém, mais do que qualquer outro serviço, é importante atentar à qualidade e integridade da VPN. Afinal de contas, uma VPN que não conecta ou que se mantém com um modelo de negócio que vende dados de usuário, por exemplo, não provê cibersegurança.
Monitorar credenciais
É bastante difícil não ter informações pessoais expostas em vazamentos de dados. Porém, atualmente é relativamente simples descobrir se senhas, endereços de e-mail e outras credenciais digitais circulam em fóruns de criminosos na dark web.
Certos serviços de antivírus conseguem fazer varreduras na dark web em busca desses dados expostos. Assim, a vítima pode tomar atitudes protetivas, como mudar senhas reveladas ou verificar contratações irregulares de crédito feitas em seu nome, por exemplo.
Ajustar configurações de segurança
Restrinja o acesso de estranhos e bloqueie agentes perigosos nas configurações de segurança das redes sociais. Todas as plataformas mais populares, como Facebook, Instagram e X permitem personalizar as medidas de cibersegurança.
Postar com parcimônia e planejamento
De longe, a atitude mais eficaz para reduzir a pegada digital é evitar ativamente publicar coisas de caráter pessoal online. Reconsidere a necessidade ou as consequências do que compartilha nas redes.
Na hora de compartilhar a localização ou postar fotos de viagem, sempre planeje fazer a publicação depois de ter saído do local. Sempre reflita também se sua publicação tem potencial de expor amigos e parentes – em especial, menores de idade.
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