Como prevenir DTHA e DDA nas estações mais quentes do ano

No verão, a combinação do calor intenso com o aumento da circulação de pessoas e da ingestão de alimentos e bebidas em ambientes informais cria o cenário perfeito para o surgimento de doenças diarreicas agudas (DDA) e Doenças Transmitidas por Alimentos e Água (DTHA). Embora frequentemente confundidas, essas doenças apresentam características e formas de transmissão distintas.

Ambas provocam sintomas gastrointestinais, com destaque para quadros de diarreia, e são mais comuns nessa estação, quando as altas temperaturas e a mudança nos hábitos alimentares contribuem para sua proliferação.

Fábio Gaudenzi, superintendente de Vigilância em Saúde e infectologista, explica que a elevação das temperaturas e a maior mobilidade das pessoas favorecem a disseminação de vírus, bactérias e outros agentes patológicos. Segundo Gaudenzi, “o aumento da circulação de enterovírus, que causam diarreias e preferem ambientes aquáticos, é um fator crucial.

As festas e aglomerações no calor intensificam a propagação dessas doenças. Além disso, bactérias e fungos presentes em alimentos mal manipulados ou mal armazenados também são fontes importantes de contaminação.”

O que são DDA e DTHA

Apesar de ambas causarem sintomas gastrointestinais, como diarreia, as Doenças Diarreicas Agudas (DDA) e as Doenças Transmitidas por Alimentos e Água (DTHA) têm formas de transmissão e agentes causadores diferentes. Entender essas diferenças é fundamental para a prevenção.

As DTHA, como o nome indica, são causadas pelo consumo de alimentos ou bebidas contaminados. Bactérias, vírus, parasitas e até fungos podem estar presentes em alimentos mal preparados, mal armazenados ou contaminados por agentes patogênicos. Os sintomas incluem anorexia (falta de apetite), náuseas, vômitos e diarreia, podendo ser acompanhados de febre. Em casos mais graves, a diarreia pode se tornar extremamente intensa e persistente, levando a uma desidratação severa.

Já as DDAs são transmitidas principalmente pelo contato direto de pessoa a pessoa, ou pelo manuseio de objetos contaminados. O agente causador dessas doenças pode ser um vírus, como o rotavírus, ou uma bactéria. O principal sintoma das DDAs é o aumento do número de evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistência. Em alguns casos, os sintomas podem incluir febre, dores abdominais e vômitos. As DDAs podem durar até 14 dias, e se não forem tratadas corretamente, podem evoluir para quadros graves de desidratação.

Transmissão e sintomas

O diagnóstico preciso de DTHA e DDA se baseia principalmente nos sintomas e na origem da contaminação. A chave para entender as diferenças está na forma de transmissão e nos fatores que desencadeiam os surtos.

Transmissão das Doenças Transmitidas por Alimentos e Água (DTHA)

As DTHA se originam da ingestão de alimentos ou bebidas contaminados por agentes patogênicos, como bactérias (Salmonella, Escherichia coli, Shigella), vírus (como o norovírus) ou parasitas. Muitas vezes, esses alimentos são consumidos de maneira imprópria, fora de temperatura adequada ou sem as condições mínimas de higiene. A ingestão de alimentos ou bebidas contaminadas pode causar quadros de diarreia, vômito, febre e, em casos mais graves, desidratação severa.

Transmissão das Doenças Diarreicas Agudas (DDA)

As DDAs são transmitidas, em sua maioria, de pessoa para pessoa. O contato direto com uma pessoa infectada, seja por via fecal-oral ou pelo manuseio de objetos contaminados, é a principal via de transmissão. Além disso, os enterovírus, que causam essas doenças, têm maior propensão a se proliferar em ambientes aquáticos, como praias, piscinas e lagos. Portanto, o contato com águas não tratadas ou com pessoas infectadas pode aumentar o risco de contrair uma DDA. A diarreia persistente, acompanhada de febre e dores abdominais, é um dos principais sinais dessa infecção.

Embora qualquer pessoa possa ser afetada por DTHA ou DDA, alguns grupos de indivíduos estão mais propensos a desenvolver complicações graves. Crianças, idosos e pessoas imunocomprometidas (com sistema imunológico enfraquecido) são mais vulneráveis às complicações dessas doenças. A desidratação é uma das principais consequências dessas infecções, especialmente quando não tratada adequadamente. Em casos graves, a desidratação pode levar à hospitalização, com a necessidade de reposição de líquidos intravenosa e outros cuidados médicos especializados.

É importante que a população tenha em mente que, ao surgirem sintomas de diarreia prolongada, febre ou vômitos, especialmente em crianças ou idosos, é fundamental procurar uma unidade de saúde para o diagnóstico adequado e início do tratamento. A automedicação deve ser evitada, pois pode agravar o quadro e dificultar a recuperação.

Prevenção

A prevenção de doenças diarreicas agudas e transmitidas por alimentos e água no verão depende de cuidados simples e eficazes relacionados à higiene pessoal e à alimentação. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a Superintendência de Vigilância em Saúde (SUV) têm orientado a população com medidas preventivas para evitar o aumento desses quadros no verão:

Higiene e Qualidade da Água

A água potável é um dos principais meios de transmissão dessas doenças, portanto, garantir a qualidade da água consumida é fundamental. A água deve ser tratada adequadamente antes do consumo, seja através de fervura ou utilizando água mineral de fontes confiáveis. Evitar beber água de fontes não tratadas ou de procedência duvidosa é uma das melhores formas de evitar infecções.

Cuidados com os Alimentos

Alimentos mal preparados ou mal armazenados são um risco significativo para o surgimento de DTHA. Por isso, a SES recomenda evitar o consumo de frutos do mar crus, carnes mal passadas ou alimentos de procedência desconhecida. Ao levar alimentos para a praia ou para eventos ao ar livre, é importante garantir que sejam armazenados e refrigerados adequadamente para evitar contaminações.

Higiene Pessoal

A lavagem frequente das mãos é uma das medidas mais eficazes para prevenir a transmissão de doenças diarreicas. Lavar as mãos antes de comer, após usar o banheiro ou trocar fraldas, é essencial para evitar o contágio. A higiene é especialmente importante em ambientes públicos, como praias, piscinas e locais com grandes aglomerações de pessoas.

Evitar Águas Contaminadas e Locais com Aglomerações

É recomendável evitar locais com condições impróprias para banho, como praias e rios com águas visivelmente contaminadas. Além disso, em situações de aglomeração, como festas de verão, o risco de transmissão de DDAs aumenta, por isso é importante tomar cuidados redobrados nesses ambientes.