FOTO: Rodolfo Espínola/Agência AL
A Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Assembleia Legislativa abordou, em reunião na tarde desta quarta-feira (13), as dificuldades enfrentadas pelos agricultores no estado. A convite do presidente da comissão, deputado Altair Silva (PP), o vereador e agricultor de Maravilha Natalino Prante (PP) participou da reunião para tratar da situação dos produtores rurais catarinenses.
De acordo com o vereador, a agricultura catarinense enfrenta um momento delicado, com a combinação de vários complicadores, como dificuldade no acesso a crédito, custos de produção elevados, queda nos preços dos grãos, além das questões climáticas.
“A minha vinda é um grito de socorro”, afirmou Prante. “Não temos mais condições financeiras. Os preços mínimos pagos ao produtor são insustentáveis e não são respeitados. O preço mínimo do trigo, por exemplo, está em 88 reais, mas o produtor recebe pouco mais de 60 reais”, exemplificou.
Ele relatou o fechamento de aviários na região Oeste. “O agricultor vende sua produção e fica devendo”, reclamou. “Estamos matando o produtor e vendendo muito caro para o consumidor. Essa é uma política equivocada.”
O agricultor disse que há dificuldades para o acesso a financiamento em virtude, principalmente, dos juros altos. “É quase um suicídio ir ao banco pegar recursos”, disse. “A cidade grande não tem noção do que estamos vivendo. Mas todos vão sentir as consequências na pele, porque somos a base da alimentação.”
Prante criticou a falta de políticas públicas que favoreçam os agricultores, além das condições das rodovias. “Vim aqui para plantar uma semente, porque nós estamos prestes a quebrar o país por falta de sustentabilidade na base”, declarou. “Não podemos mais só falar do governo federal, temos que mostrar nossa força. O povo tem que entender que ele precisa do agro.”
Os deputados que participaram da reunião criticaram o presidente Lula e atribuíram ao governo federal a responsabilidade pelas dificuldades enfrentadas pelos agricultores.
“Vivemos num país onde o presidente trata o agricultor como nazista, fascista”, afirmou Massocco (PL). “Dependemos de uma política que vem de Brasília. Precisamos que o governo entenda que o agro não é fascista, que é família, que é gerador de emprego e renda. Sem o agro, não vamos a lugar nenhum.”
Oscar Gutz (PL) classificou como vergonhoso o tratamento dado aos agricultores. “O nosso presidente não gosta do agro e nós vamos pagar um preço muito caro se a gente não colocar na cabeça do povo de Brasília que precisamos dessa atenção, de incentivar a exportação do leite que produzimos, ao invés de importar.”
Altair Silva defendeu a renegociação das dívidas dos agricultores e a elaboração de políticas públicas que favoreçam o setor. “Temos que criar um movimento pela valorização do homem do campo, com políticas que dêem segurança”, disse. “Só a nossa solidariedade não é suficiente.”
Ainda na reunião desta quarta, a Comissão de Agricultura aprovou o parecer favorável ao Projeto de Lei (PL) 178/2023, de autoria do deputado Marcos José de Abreu (Psol), o Marquito, que institui a Semana Estadual do Alimento Orgânico e Agroecológico, a ser celebrada a última semana de maio. O relator da proposta na comissão foi o deputado Oscar Gutz.