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Cometa interestelar 3I/ATLAS emite jato de gás rumo ao Sol e desperta alerta da NASA

Fenômeno raro do cometa 3I/ATLAS reacende debate sobre os mistérios do espaço e o papel da NASA na vigilância de corpos celestes.

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O cometa interestelar 3I/ATLAS voltou a chamar a atenção da comunidade científica após novas imagens revelarem um poderoso jato de gás e poeira direcionado ao Sol. O fenômeno, observado por astrônomos no início de outubro, foi confirmado por registros do Telescópio Gêmeo de Dois Metros (TTT), localizado no Observatório de Teide, nas Ilhas Canárias. A descoberta reacendeu o interesse sobre o objeto, considerado um dos mais misteriosos já detectados fora do Sistema Solar.

Apesar de parecer incomum, especialistas afirmam que a emissão de jatos é um comportamento típico de cometas. O 3I/ATLAS, detectado originalmente no fim de junho e oficialmente confirmado pela NASA em 1º de julho de 2025, é o terceiro objeto interestelar já identificado em passagem pelo Sistema Solar — depois do 1I/‘Oumuamua, em 2017, e do 2I/Borisov, em 2019. Diferente dos anteriores, o novo visitante se destaca pelo tamanho expressivo e por sua antiguidade: seu núcleo, com largura estimada entre 5 e 11 quilômetros, teria se formado antes mesmo do nascimento do Sol.

Recentemente, a NASA emitiu um alerta e ativou parte de seu protocolo de defesa planetária após registrar um comportamento classificado como “inexplicável” no 3I/ATLAS. O comunicado foi divulgado na terça-feira (21) no boletim MPEC (2025-U142), do Minor Planet Center (MPC), ligado à Universidade de Harvard. Segundo o documento, o cometa apresenta variações que dificultam a previsão exata de sua trajetória, levando a agência a reforçar o monitoramento.

A NASA informou ainda que realizará, entre 27 de novembro de 2025 e 27 de janeiro de 2026, um exercício especial de treinamento para aperfeiçoar os protocolos de resposta a possíveis ameaças espaciais e aprimorar o rastreamento de corpos celestes com comportamento atípico. A agência explicou que cometas são sistemas de grande extensão, cuja posição é calculada a partir do brilho central — fator que pode gerar margens significativas de erro.

Fenômeno raro reacende debate sobre os mistérios do espaço e o papel da NASA na vigilância de corpos celestes
Foto: Reprodução/ Hubble/NASA; Observatório do Teide, M. Serra-Ricart, Light Bridges

A Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN) classificou o 3I/ATLAS como um “desafio único”, destacando que pequenas imprecisões nos cálculos podem alterar substancialmente as projeções de rota. Para reduzir o risco de interpretações equivocadas, o Minor Planet Center — supervisionado pela União Astronômica Internacional (IAU) e financiado pela NASA — promoverá um workshop técnico sobre astrometria de cometas, voltado ao aperfeiçoamento dos métodos de observação.

De acordo com o astrônomo Avi Loeb, da Universidade Harvard, o núcleo do cometa pode ter cerca de 5,6 quilômetros de diâmetro e uma massa superior a 33 bilhões de toneladas, o que o torna um dos maiores corpos já observados desse tipo. O objeto foi identificado pelo telescópio ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert Survey System), localizado em Río Hurtado, no Chile, também financiado pela NASA. No momento, o 3I/ATLAS está a mais de 670 milhões de quilômetros do Sol, deslocando-se a 61 quilômetros por segundo.

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O Instituto de Astrofísica de Canarias (IAC) colabora com observatórios internacionais para investigar a composição e a trajetória do cometa, cuja origem e estrutura continuam a intrigar os cientistas. As últimas imagens registradas revelam um ponto escurecido envolto por uma luminosidade branca intensa, de onde parte um jato em formato de leque direcionado ao Sol — um fenômeno natural causado pelo aquecimento do núcleo.

Segundo o astrofísico Miquel Serra-Ricart, do Observatório de Teide, o calor solar faz com que gases aprisionados no interior do núcleo escapem de forma explosiva, lançando poeira e detritos a milhares de quilômetros de distância. Estima-se que o jato atual possa se estender por até 10 mil quilômetros. Parte desse material se incorpora à coma do cometa, enquanto o restante é empurrado para a cauda pelo vento solar.

Atualmente, o 3I/ATLAS segue em direção ao periélio, o ponto mais próximo do Sol, previsto para 29 de outubro. Como está no lado oposto da estrela, ele não será visível da Terra até meados de novembro. Quando reaparecer, os astrônomos esperam registrar novas transformações no corpo celeste — um evento raro e de grande importância científica, que pode oferecer pistas sobre a formação dos sistemas planetários e os segredos do espaço interestelar.

Fenômeno raro do cometa 3I/ATLAS reacende debate sobre os mistérios do espaço e o papel da NASA na vigilância de corpos celestes.
Foto: Reprodução/ Hubble/NASA; Observatório do Teide, M. Serra-Ricart, Light Bridges

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