O colesterol alto é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e, ainda assim, costuma passar despercebido por grande parte da população. Isso acontece porque, na maioria dos casos, a elevação do colesterol no sangue não provoca sintomas evidentes por longos períodos. Essa evolução silenciosa dificulta o diagnóstico precoce e aumenta o risco de complicações graves, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Apesar disso, o corpo pode emitir sinais sutis de alerta, e um dos mais importantes pode surgir justamente nas pernas.
Estudos científicos recentes apontam que alterações no tendão de Aquiles, localizado na parte posterior do tornozelo, podem estar diretamente associadas ao colesterol elevado. Uma pesquisa publicada na revista Lipids in Health and Disease identificou que inflamações recorrentes ou o espessamento desse tendão podem indicar acúmulo de gordura no organismo. Essa condição é conhecida como xantoma tendinoso e ocorre quando partículas de colesterol se depositam nos tendões, alterando sua estrutura.
De acordo com os pesquisadores, esses depósitos de colesterol podem provocar o surgimento de nódulos visíveis ou, mais frequentemente, o aumento da espessura do tendão. O tendão de Aquiles é o local mais afetado, possivelmente por suportar grande carga de peso e esforço no dia a dia. Em muitos casos, o espessamento do tendão é o primeiro sinal clínico perceptível do problema, surgindo antes mesmo de sintomas clássicos ou de alterações detectadas em exames de rotina.
A pesquisa também destaca que a presença de xantomas tendinosos está geralmente relacionada a níveis elevados de colesterol em todo o organismo, especialmente do LDL, conhecido como “colesterol ruim”. Por isso, esse tipo de alteração física pode funcionar como um indicador importante para o diagnóstico, a avaliação do risco cardiovascular e o acompanhamento de pessoas com predisposição a doenças cardíacas. Em alguns casos, a observação clínica do tendão pode levar à investigação de condições genéticas, como a hipercolesterolemia familiar.
Além das manifestações nas pernas, outros sinais discretos podem sugerir que o colesterol está fora do controle. Em entrevista ao site HealthShots, o cardiologista Swarup Swaraj alertou para sintomas que muitas vezes são ignorados por parecerem comuns ou estarem associados a outras causas menos preocupantes.
Um desses sinais pode aparecer nos olhos. Pequenas placas ou pontos amarelados nas pálpebras, conhecidos como xantelasmas, são depósitos de gordura sob a pele. Embora não causem dor nem representem perigo imediato, esses sinais indicam que há excesso de colesterol circulando no sangue e devem servir como alerta para a necessidade de exames laboratoriais.
Outro sintoma frequentemente negligenciado é o cansaço persistente. A fadiga constante, mesmo após uma boa noite de sono, pode estar relacionada à dificuldade de circulação sanguínea. O acúmulo de colesterol nas paredes das artérias reduz o fluxo de sangue e, consequentemente, a oxigenação dos tecidos. Um estudo publicado no Journal of Psychosomatic Research encontrou associação entre artérias parcialmente obstruídas, diminuição do fluxo sanguíneo e sensação frequente de exaustão física e mental.
A dor ou o desconforto no peito também merecem atenção especial. Sensações de aperto, pressão ou queimação durante esforços leves, como caminhar rapidamente, subir escadas ou realizar atividades simples do cotidiano, podem caracterizar angina. Esse quadro indica que o coração não está recebendo oxigênio suficiente devido ao estreitamento das artérias coronárias, condição fortemente relacionada ao colesterol alto e à aterosclerose.
Especialistas reforçam que reconhecer esses sinais precocemente pode ser decisivo para evitar desfechos graves. O controle do colesterol envolve mudanças no estilo de vida, como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, abandono do tabagismo e, quando necessário, uso de medicamentos prescritos por um médico. Pessoas com histórico familiar de doenças cardíacas, hipertensão, diabetes ou sedentarismo devem manter acompanhamento médico regular, mesmo na ausência de sintomas aparentes.
Diante de qualquer sinal persistente ou incomum, especialmente alterações nas pernas, nos olhos, cansaço excessivo ou desconforto no peito, a orientação é clara: procurar um profissional de saúde e realizar exames para avaliar os níveis de colesterol. A atenção a esses alertas silenciosos pode fazer a diferença entre a prevenção eficaz e o surgimento de complicações que colocam a vida em risco.

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