Código do Autismo em foco, Alep discute obstáculos para garantir direitos

Em uma iniciativa inédita e emblemática, a Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) deu mais um passo firme para transformar em realidade o que até então era apenas letra de lei: os direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Na última terça-feira (1º), durante audiência pública, foi encaminhada a criação de uma comissão especial para acompanhar de perto a regulamentação e a execução do Código Estadual da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CEPTEA), sancionado no início de 2024. A medida é vista como um divisor de águas na luta por inclusão, equidade e dignidade das famílias atípicas paranaenses.

A importância da comissão especial na efetivação do Código Estadual do Autista

Coordenada pelo Bloco Parlamentar Temático da Neurodiversidade em parceria com a Comissão da Criança, do Adolescente e da Pessoa com Deficiência (CRIA), a nova comissão terá a missão de garantir que os direitos assegurados no CEPTEA saiam do papel e se tornem ações concretas nas áreas de saúde, educação, assistência social e trabalho.

O deputado estadual Alisson Wandscheer, um dos principais articuladores da iniciativa e defensor da causa neurodivergente na ALEP, ressaltou que o momento é de ação prática. “A legislação é um avanço, mas não basta aprovar uma lei. Precisamos garantir sua execução e monitorar seu impacto real na vida das famílias”, pontuou.

Estrutura da comissão e participação da sociedade civil

A comissão especial será integrada por deputados estaduais, representantes do Executivo e Judiciário, além de membros da sociedade civil organizada, especialistas em neurodiversidade e órgãos de fiscalização. A proposta é que esse grupo tenha atuação contínua e colaborativa, com foco no mapeamento dos gargalos na aplicação da legislação, proposição de soluções e fiscalização do cumprimento das diretrizes do CEPTEA.

LER >>>  A imensa responsabilidade social diante do crescimento do autismo

A participação da sociedade civil será um dos pilares do grupo, garantindo que as vozes das famílias atípicas, profissionais da saúde, educação e associações representativas dos autistas estejam presentes em todas as etapas. A transparência, a escuta ativa e o engajamento coletivo são elementos-chave para o sucesso dessa missão.

O que prevê o Código Estadual da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista

Sancionado em 2024, o CEPTEA é o primeiro código estadual do Brasil voltado exclusivamente à população com TEA. Ele representa um marco ao consolidar 11 leis já existentes e integrar 43 projetos de lei, criando uma legislação robusta e específica para garantir os direitos das pessoas autistas no Paraná.

Entre as principais diretrizes do código estão:

  • Educação inclusiva: garantia da presença de professores de apoio e adaptação de conteúdos para alunos com TEA.
  • Saúde especializada: foco em diagnóstico precoce, acesso a terapias multidisciplinares e atendimento contínuo.
  • Acessibilidade e inclusão social: estímulo à autonomia, combate à discriminação e ações efetivas de inclusão no mercado de trabalho.
  • Segurança e cidadania: protocolos de atendimento específico para pessoas com TEA em instituições públicas, especialmente na segurança pública.

Impacto direto nas políticas públicas para autistas no Paraná

O CEPTEA já começa a repercutir em diversos setores da gestão pública. Secretarias estaduais, como Saúde, Educação, Justiça e Cidadania, estão revendo suas diretrizes e capacitando profissionais para garantir que as normas da nova legislação sejam efetivamente implementadas.

Em paralelo, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça do Paraná também se mobilizam para adequar o atendimento à população com TEA, respeitando suas especificidades.

A audiência pública de instalação da comissão especial reuniu representantes dessas instituições, além de entidades como o Detran-PR, organizações da sociedade civil e especialistas em neurodesenvolvimento. O ambiente foi de cooperação mútua e disposição para fazer do Paraná um estado modelo na atenção à neurodiversidade.

LER >>>  Dia Mundial do Autismo mobiliza diversas ações de conscientização no Parlamento do Paraná

Próximos passos e a importância do monitoramento contínuo

Com a criação da comissão especial, inicia-se uma nova fase do processo: a de monitoramento ativo. Será responsabilidade desse grupo acompanhar a aplicação da lei, identificar falhas, sugerir aperfeiçoamentos e manter um canal de diálogo constante com a população.

“A legislação precisa ser viva, dinâmica. As demandas mudam, os desafios se renovam, e o código precisa estar à altura dessas transformações”, afirmou o deputado Alisson. Sua fala reforça a visão de que o CEPTEA não é uma meta final, mas um ponto de partida para um ciclo contínuo de evolução das políticas públicas voltadas às pessoas com TEA.

Paraná dá passo inédito ao criar comissão especial para regulamentar o Código Estadual do Autista. Medida busca garantir na prática os direitos das pessoas com TEA. Entenda como será a atuação da nova frente e o impacto para as famílias paranaenses.
Foto: Orlando Kissner/Alep

Leia também: