Quando falamos do Egito Antigo, é comum imaginar tudo acontecendo em um único período remoto — faraós, pirâmides, templos e rainhas envoltas em ouro e mistério. No entanto, a cronologia real surpreende: Cleópatra viveu mais próxima da invenção do iPhone, em 2007, do que da construção da Grande Pirâmide de Gizé, cerca de 2.500 a.C..
Essa constatação quebra uma das ilusões mais comuns sobre a história: a ideia de que “tudo que é antigo” pertence ao mesmo tempo. Na realidade, o Egito faraônico durou tanto que a distância entre suas próprias eras é maior do que entre Cleópatra e nós.
A linha do tempo que desafia a lógica
Para entender essa curiosa comparação, é preciso situar Cleópatra no tempo. Ela nasceu em 69 a.C. e morreu em 30 a.C., sendo a última rainha da dinastia ptolemaica — uma linhagem grega que governou o Egito após a conquista de Alexandre, o Grande. Já a Grande Pirâmide de Gizé, construída para o faraó Quéops, remonta a aproximadamente 2.560 a.C..
Isso significa que Cleópatra viveu cerca de 2.500 anos depois da pirâmide ser erguida, e apenas 2.000 anos antes da invenção do iPhone. Em outras palavras, se dividíssemos a história em dois blocos de tempo — do Egito Antigo até Cleópatra e de Cleópatra até hoje — o segundo seria o mais curto.
Essa perspectiva temporal é um lembrete poderoso de que o passado é mais extenso e complexo do que nossa intuição costuma sugerir.

O Egito antigo não era um único “Egito”
Quando Cleópatra subiu ao trono, o Egito já não era mais o mesmo dos faraós que ergueram as pirâmides. Naquele ponto da história, o país tinha mais de 2.500 anos de civilização organizada, havia sido dominado por persas, gregos e estava prestes a se tornar uma província romana.
O idioma egípcio antigo estava em declínio, o alfabeto grego dominava, e a famosa Biblioteca de Alexandria era o centro do saber mundial. Cleópatra falava várias línguas, inclusive o egípcio, o que era raro entre os governantes ptolemaicos. Ela era uma mulher culta, política e estrategista — e não a caricatura sedutora tantas vezes retratada pela cultura popular.
Cleópatra e o mito da antiguidade “uniforme”
A comparação entre Cleópatra e o iPhone é fascinante porque revela o quanto nossa mente tende a “achatar” o passado. Falamos em “antiguidade” como se fosse um bloco único, quando, na verdade, há oceanos de tempo entre suas partes.
Imagine isso: quando Cleópatra governava, as pirâmides já eram ruínas antigas, cobertas por séculos de areia e mistério. Para ela, as pirâmides eram o que hoje são para nós as ruínas romanas — impressionantes, históricas, mas distantes.
Essa noção amplia nossa visão da história: o Egito antigo durou mais tempo do que todo o período que vai de Cristo até os dias atuais.
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