Uma equipe global de cientistas conseguiu reconstruir o genoma tridimensional de um mamute lanoso de 52 mil anos, encontrado em estado impecável com amostras de seus pelos intactos. Este feito, publicado na revista Cell, não apenas nos oferece uma visão sem precedentes sobre a vida desses gigantes do passado, mas também inspira novas possibilidades para a preservação de espécies extintas.
O mamute lanoso, cujo genoma foi reconstruído, foi encontrado nas regiões geladas da Sibéria. Graças aos invernos secos e frios, a carcaça do mamute permaneceu incrivelmente bem preservada, protegida de fungos e bactérias. O geneticista Erez Lieberman Aiden, do Baylor College of Medicine, destacou a magnitude desse achado: “Esse é um novo tipo de fóssil, e sua escala supera a de fragmentos individuais de DNA antigo — uma sequência um milhão de vezes maior.”
Os pesquisadores examinaram uma pequena amostra de pele da parte de trás da orelha do mamute, ampliando os folículos capilares que permaneceram intactos. Esta preservação única permitiu que os cientistas estudassem os cromossomos dentro das células da pele, organizados em territórios claros. Isso ofereceu uma visão detalhada de quais genes estavam ativos ou inativos enquanto o mamute estava vivo.
Para realizar essa análise, os cientistas usaram uma técnica chamada Paleo Hi-C, que lhes permitiu interpretar a estrutura 3D do genoma do mamute. A técnica revelou que o mamute possuía 28 pares de cromossomos, assim como seu parente mais próximo, o elefante moderno. Olga Dudchenko, geneticista e coautora do estudo, afirmou: “Os cromossomos fósseis são um divisor de águas, porque conhecer a forma dos cromossomos de um organismo torna possível montar a sequência inteira de DNA de criaturas extintas.”
A genômica 3D, com técnicas como a Paleo Hi-C, oferece uma nova perspectiva sobre a montagem de sequências de DNA. Ao considerar onde os fragmentos de DNA estão localizados dentro das células, os pesquisadores podem identificar genes responsáveis pelas características únicas dos mamutes, como o crescimento de pelos e a adaptação ao frio extremo.
Além de avançar o campo da genômica, as descobertas deste estudo têm o potencial de influenciar os esforços de conservação animal. A possibilidade de reviver espécies extintas, como o mamute lanoso, pode abrir novas frentes na luta contra a extinção. Ao entender melhor os genes que permitiram aos mamutes sobreviverem em climas frios, os cientistas podem aplicar esse conhecimento para ajudar espécies ameaçadas nos dias de hoje.
Os próximos passos na pesquisa genômica incluem a análise de outros fósseis bem preservados para montar um panorama ainda mais detalhado do passado. A reconstrução do genoma em 3D de outras espécies extintas pode revelar segredos sobre sua evolução e adaptação, fornecendo dados valiosos para a biologia e a conservação.
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