DigiteImagine escrever o nome de sua cidade natal e precisar de três linhas para terminá-lo. Ou tentar ditá-lo no telefone sem errar nenhuma sílaba. Em algumas partes do mundo, esse desafio é bem real. Existem localidades cujos nomes ultrapassam 50 letras, com combinações linguísticas que mais parecem enigmas poéticos do que simples identificações geográficas. Mas esses nomes extensos não são fruto de exagero gratuito — eles são expressões de orgulho cultural, raízes mitológicas e, muitas vezes, puro senso de humor regional.
Seja no interior da Tailândia ou nas ilhas do País de Gales, esses nomes gigantescos contam histórias milenares, preservam línguas ameaçadas, homenageiam paisagens e até competem entre si pelo posto de “cidade com o nome mais longo do mundo”. Neste artigo, mergulhamos na fascinante história das cinco cidades que transformaram seu próprio nome em monumento linguístico. Prepare-se para conhecer nomes quase impossíveis de pronunciar — e histórias absolutamente memoráveis.
1.Taumatawhakatangihangakoauauotamateaturipukakapikimaungahoronukupokaiwhenuakitanatahu (Nova Zelândia)
Com 85 letras, esse é, oficialmente, o nome de lugar mais longo do mundo registrado pelo Guinness World Records. Localizado em uma colina na Nova Zelândia, o nome vem da língua maori e pode ser traduzido como:
“O topo da colina onde Tamatea, o homem de grandes joelhos, que escorregava, subia e engolia montanhas, tocava sua flauta para a amada.”
Mais do que uma cidade, trata-se de uma elevação geográfica próxima à cidade de Porangahau, na Ilha Norte. O nome é uma homenagem a Tamatea, uma figura lendária da cultura maori. Apesar de não haver uma cidade estabelecida no local, o nome virou atração turística, com uma placa icônica que muitos tentam (e falham) ler em voz alta.
O mais curioso? Os habitantes locais usam versões reduzidas, como “Taumata”, para não se complicar no cotidiano.
2. Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch (País de Gales)
Situada na ilha de Anglesey, no País de Gales, essa vila tem um nome de 58 letras — em galês. Traduzido, significa algo como:
“Igreja de Santa Maria no buraco branco próximo ao redemoinho rápido e à igreja de São Tysilio perto da caverna vermelha.”
O nome foi inventado em meados do século XIX como uma jogada publicitária para atrair turistas e dar destaque à estação ferroviária local. E funcionou. Até hoje, Llanfairpwll (como é carinhosamente chamada) atrai visitantes curiosos para tirar fotos na placa da estação e tentar pronunciar o nome inteiro — um feito que nem todos os galeses dominam.
Além da peculiaridade do nome, a vila é charmosa, com atrações históricas e culturais que justificam a visita além da curiosidade linguística.
3. Chargoggagoggmanchauggagoggchaubunagungamaugg (Estados Unidos)
Esse nome de 45 letras pertence a um lago localizado no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos. Também conhecido como “Lago Webster” (muito mais fácil, convenhamos), o nome tem origem na língua algonquina, falada por povos indígenas da região, e pode ser interpretado como:
“Você pesca do seu lado, eu pesco do meu lado, e ninguém pesca no meio.”
Embora haja debates sobre a precisão da tradução, o nome expressa um acordo histórico de coexistência entre tribos indígenas. E, assim como nas outras localidades, o nome virou símbolo de identidade local. A cidade de Webster, onde o lago está situado, preserva o nome original como patrimônio cultural e linguístico.
O desafio aqui é duplo: pronunciar o nome completo e soletrá-lo em uma só tentativa.
4. Tweebuffelsmeteenskootmorsdoodgeskietfontein (África do Sul)
Com 44 letras, este é o nome de uma fazenda registrada na província de North West, na África do Sul. Em africâner, significa:
“Fonte onde dois búfalos foram mortos com um único tiro.”
Apesar de ser mais uma propriedade rural do que uma cidade, o nome ganhou notoriedade por seu tamanho e por contar uma história completa em apenas uma palavra. Esse tipo de nomenclatura é típico de certas regiões sul-africanas, onde nomes de propriedades costumam narrar eventos ocorridos no local.
Curiosamente, esse é um dos poucos casos em que o nome de um lugar soa como um miniconto — e ainda com ares de faroeste africano.
5. Azpilicuetagaraycosaroyarenberecolarrea (Espanha)
Este nome de 39 letras pertence a uma localidade na região do País Basco, na Espanha. É um exemplo fascinante da estrutura linguística do euskera, a língua basca, que frequentemente aglutina diversas palavras em uma só. O nome pode ser traduzido como:
“Campo inferior da casa de Azpilicueta de Garay”.
Embora seja uma região rural, o nome é reconhecido oficialmente e exemplifica como os nomes bascos refletem vínculos familiares, geográficos e históricos. Cada elemento do nome faz referência a linhagens, localização e atributos do terreno.
Neste caso, o nome é um verdadeiro mapa genealógico encravado na toponímia.
Curiosidades adicionais sobre nomes gigantes
Esses nomes longos desafiam mapas, formulários, placas e até sistemas de cadastro digital. Muitas vezes, são encurtados por praticidade, mas mantidos oficialmente como símbolo de identidade cultural e orgulho local.
Além disso, há um esforço crescente de comunidades indígenas e linguísticas minoritárias em manter esses nomes vivos como forma de resistência ao apagamento cultural. Não é só uma questão de toponímia: é uma luta pela permanência de um modo de ver e nomear o mundo. / para escolher um bloco
Mais do que palavras longas, histórias profundas
Os nomes dessas cidades não são meras curiosidades fonéticas. São testemunhos de histórias, culturas, mitologias e formas de existir. Eles carregam em suas sílabas ecos de povos ancestrais, paisagens sagradas, acordos de paz e orgulho identitário. Tentamos reduzi-los por praticidade, mas, no fundo, são nomes que pedem tempo, atenção e respeito — como toda boa história.
Cada cidade com um nome longo nos lembra que há beleza em não simplificar tudo. Que nomes podem ser convites à descoberta, e que a linguagem é uma forma viva de memória coletiva. Da Nova Zelândia ao País de Gales, da África do Sul aos Estados Unidos, essas localidades nos ensinam que, às vezes, é preciso respirar fundo… e ler até o fim.
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Formada em técnico em administração, Nicolle Prado de Camargo Leão Correia é especialista na produção de conteúdo relacionado a assuntos variados, curiosidades, gastronomia, natureza e qualidade de vida.