Cidade submersa de 3.400 anos é revelada após seca no Iraque

Uma cidade submersa com aproximadamente 3.400 anos de idade emergiu no Iraque após uma queda acentuada do nível da água devido a uma seca extrema. Arqueólogos curdos e alemães realizaram escavações no assentamento localizado no reservatório de Mosul, ao longo do rio Tigre, na região do Curdistão, norte do Iraque, nos meses de janeiro e fevereiro.

O projeto, em parceria com a Direção de Antiguidades e Patrimônio de Duhok, teve como objetivo preservar o patrimônio cultural da região para as gerações futuras. O sítio arqueológico, chamado Kemune, acredita-se ser a antiga cidade da Idade do Bronze de Zakhiku, um importante centro do Império Mittani que reinou entre 1.550 a.C. e 1.350 a.C. O território do império estendia-se do Mar Mediterrâneo ao norte do Iraque.

A cidade de Zakhiku ficou submersa quando o governo iraquiano construiu a represa de Mosul na década de 1980, permanecendo raramente visível desde então. Após o ressurgimento da cidade, os pesquisadores enfrentaram uma corrida contra o tempo para realizar as escavações antes que os níveis de água voltassem a subir. As escavações foram realizadas em condições adversas, como temperaturas congelantes, neve, granizo, chuva e até tempestades.

Durante as escavações, foram descobertos cinco vasos de cerâmica contendo mais de 100 tabuletas cuneiformes de argila. Esses artefatos, que datam do período assírio médio (1.350 a.C. a 1.100 a.C.), podem fornecer informações valiosas sobre o desaparecimento da cidade e a ascensão do domínio assírio na região.

Entre as descobertas adicionais estão um palácio previamente documentado durante uma breve emergência da cidade em 2018 e outras estruturas, como uma fortificação completa com torres e paredes, bem como um edifício de armazenamento de vários andares. As estruturas foram construídas principalmente com tijolos de barro seco ao sol, que, normalmente, não resistiriam bem à submersão prolongada. No entanto, o terremoto ocorrido por volta de 1.350 a.C. causou o desmoronamento de partes das paredes superiores, cobrindo os edifícios e preservando-os sob as águas.

Essa descoberta arqueológica fornece um vislumbre importante da história antiga da região, permitindo aos pesquisadores explorar a cultura e a vida cotidiana dos povos que habitaram a cidade submersa de Zakhiku. Os artefatos encontrados estão sendo cuidadosamente preservados no Museu Nacional de Duhok, e medidas foram tomadas para proteger as ruínas da erosão hídrica e garantir sua preservação futura.

A descoberta dessa cidade submersa no Iraque destaca a importância da preservação do patrimônio cultural e ressalta como eventos naturais, como secas extremas, podem revelar tesouros escondidos da história da humanidade.