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Veja o que foi encontrado na ‘Cidade dos Mortos’ da Jordânia e por que ela surgiu há HÁ 5.000 anos?

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Uma equipe de arqueólogos da Universidade de Copenhague anunciou a descoberta de uma extensa paisagem ritual datada do início da Idade do Bronze em Murayghat, na região central da Jordânia. A descoberta, localizada a sudoeste de Madaba, oferece novos dados sobre as estratégias de organização social adotadas pelas comunidades que viveram há mais de 5.000 anos, em um período de profundas alterações socioambientais.

O sítio de Murayghat é datado do início da Idade do Bronze I (cerca de 3500–3000 a.C.). Este período seguiu-se ao colapso da cultura calcolítica, que era caracterizada por aldeias estáveis e tradições simbólicas complexas. A desintegração dessa era anterior é atribuída, hipoteticamente, a fatores como mudanças climáticas e o colapso dos sistemas de comércio e políticos. Murayghat representa uma nova forma de organização social que emergiu dessa transição, sendo um complexo cerimonial edificado com propósito ritualístico e comemorativo, não residencial.

O complexo é definido pela presença de mais de 95 dólmens, que são câmaras funerárias de pedra. Estas estruturas estão dispersas pelas colinas que circundam uma elevação central. O conjunto é complementado por menires, marcos e estruturas de cerca circulares ou ovais, elementos que, juntos, compõem uma distinta paisagem ritualística. A maior parte dos dólmens está orientada para a colina central, um alinhamento que sugere um arranjo planejado para facilitar a visibilidade e a participação coletiva.

Os dólmens apresentam variações de tamanho, com câmaras que vão de dois a mais de quatro metros de comprimento. Foram construídos a partir de grandes lajes de calcário, em alguns casos apoiadas sobre plataformas. Embora os exemplares escavados não contivessem restos humanos, a natureza da construção e o agrupamento das estruturas indicam uma função predominantemente comemorativa.

Na colina central, os arqueólogos descobriram câmaras megalíticas, paredes de dupla face e superfícies de rocha lisa que foram esculpidas com marcas de taças e depressões retangulares. Estas marcas são presumivelmente indicativas de uso para fins simbólicos ou rituais, afastando a possibilidade de utilidade na vida cotidiana.

A análise dos artefatos recuperados no sítio arqueológico reforça essa interpretação. Os achados incluem ferramentas de sílex, moedores de basalto, núcleos de chifre de animais e, notavelmente, vasos de cerâmica de grandes dimensões, alguns com capacidade para até 25 litros. Estes itens sugerem a prática de banquetes ou oferendas de caráter comunitário. A ausência de lareiras, estruturas de telhado e detritos domésticos corrobora a conclusão de que Murayghat não funcionava como um assentamento, mas como um local de reunião para grupos regionais que se dedicavam a cerimônias e atividades de coesão social.

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