Castelo de Sheffield pode ser mais antigo do que se imaginava

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Entre os registros fragmentados da Idade Média inglesa, o Castelo de Sheffield sempre esteve envolto em certo mistério. Localizado na cidade que lhe empresta o nome, no norte da Inglaterra, pouco se sabia com precisão sobre a data exata de sua fundação. Agora, uma descoberta inesperada está reescrevendo esse capítulo histórico. Arqueólogos britânicos identificaram, em uma encosta do antigo monte onde o castelo foi erguido, vestígios de um incêndio ancestral.

A partir desse solo queimado, uma equipe interdisciplinar conseguiu usar um método inovador para calcular a idade da estrutura: a datação arqueomagnética. O resultado surpreendeu até os especialistas — o castelo pode ter sido construído mais de 100 anos antes do que se imaginava.

Fogo antigo, ciência moderna

A descoberta foi feita por pesquisadores da Wessex Archaeology, organização especializada em escavações históricas, com apoio técnico do Museu de Arqueologia de Londres e da Universidade de Bradford. Durante a escavação no terreno onde outrora se erguia o castelo original, a equipe encontrou um depósito de terra queimada cuidadosamente preservado na base do monte artificial, conhecido como motte, que sustentava a estrutura.

Os arqueólogos acreditam que esse material carbonizado tenha se originado de uma fogueira acesa pelos próprios construtores do castelo, provavelmente usada durante os primeiros trabalhos de fundação. Esse detalhe foi fundamental para aplicar uma técnica rara e precisa de medição: a arqueomagnetometria.

Castelo de Sheffield pode ser mais antigo do que se imaginava

Como funciona a datação arqueomagnética

A datação arqueomagnética é baseada em um princípio fascinante. Quando materiais ricos em ferro são expostos a altas temperaturas, como em um incêndio ou numa fogueira, eles registram a orientação do campo magnético da Terra naquele momento. Com o passar do tempo, o campo magnético terrestre sofre alterações naturais, e é possível, ao comparar o magnetismo residual do material com registros históricos dessas variações, estimar com alta precisão a última vez em que aquele solo foi aquecido.

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Foi com esse método que os pesquisadores chegaram a uma janela temporal entre os anos 896 e 1173 d.C. — uma margem ampla, mas reveladora, que sugere que o castelo foi fundado significativamente antes do que os registros anteriores indicavam.

Mudança no entendimento histórico

Até então, muitos estudiosos supunham que o Castelo de Sheffield teria sido construído por volta do século XII, já em plena Idade Média desenvolvida. Com as novas evidências, abre-se a possibilidade de que sua origem remonte ao final do século IX, uma época ainda marcada por instabilidade política, incursões vikings e o surgimento das primeiras estruturas feudais na região.

Essa reinterpretação do passado fortalece a hipótese de que Sheffield já desempenhava um papel estratégico na defesa e administração do território desde os primórdios da formação do reino inglês.

Castelo de Sheffield pode ser mais antigo do que se imaginava

O valor simbólico da descoberta

A confirmação de que o castelo pode ser mais antigo do que se pensava tem implicações que vão além da arqueologia técnica. Ela alimenta o orgulho local, resgata a relevância histórica de Sheffield no contexto britânico e reforça a importância de preservar sítios urbanos que, muitas vezes, passam despercebidos sob camadas modernas de concreto.

Além disso, a descoberta reforça o papel da ciência interdisciplinar na arqueologia contemporânea, onde métodos como a arqueomagnetometria e o uso de tecnologias não destrutivas ampliam o campo de investigação, mesmo em áreas já bastante urbanizadas.

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