Carteira assinada registra recorde em 2024

O último trimestre de 2024 trouxe números impressionantes para o mercado de trabalho brasileiro, com um novo recorde de empregos formais no setor privado. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, o número de trabalhadores com carteira assinada alcançou a marca de 39,2 milhões, um crescimento de 3,3% em relação ao mesmo período de 2023.

Isso equivale a um incremento de 1,3 milhão de postos de trabalho formais, refletindo a recuperação contínua e a expansão do mercado de trabalho.

Desde 2022, o Brasil tem observado uma recuperação significativa no número de empregos formais, superando as perdas registradas durante a pandemia de 2020. A pesquisadora do IBGE, Adriana Beringuy, destaca que, após a queda acentuada em 2020, a população com carteira assinada não só se recuperou, mas segue em expansão. “O crescimento em 2023 e 2024 mostra que não estamos apenas recompondo as perdas de 2020, mas seguindo em direção a uma ampliação do mercado de trabalho formal”, afirma Beringuy.

Além dos empregos com carteira assinada, outro dado importante apresentado pela pesquisa é o aumento de 5% no número de trabalhadores sem carteira assinada, que atingiu 14,2 milhões de pessoas. Esse índice, embora ainda alto, continua a refletir a realidade de grande parte da força de trabalho brasileira. No setor público, o número de empregados também apresentou um crescimento robusto de 4,5%, alcançando 12,8 milhões, enquanto os trabalhadores por conta própria e os empregados domésticos se mantiveram estáveis no período analisado.

A taxa de informalidade, embora ainda alta, apresentou uma leve queda, passando de 39,1% em 2023 para 38,6% em 2024. Isso significa que, embora o número de pessoas ocupadas tenha aumentado significativamente, a informalidade ainda persiste em uma parcela considerável da população, que representa cerca de 40 milhões de brasileiros.

Outro indicador relevante da pesquisa é o crescimento da população ocupada, que aumentou 2,8% no ano, atingindo a marca de 103 milhões de pessoas no último trimestre de 2024. “Após a pandemia, que reduziu drasticamente a população ocupada para 83 milhões, tivemos um crescimento notável de cerca de 20 milhões de ocupados nos últimos quatro anos”, explica Adriana Beringuy. Esse aumento reflete a recuperação da economia e o aumento da confiança do setor produtivo, que tem gerado mais oportunidades de trabalho.

Os setores que mais impulsionaram esse crescimento foram a indústria geral, com um aumento de 3,2%, a construção, que registrou alta de 5,6%, e o comércio, com crescimento de 2,8%. Além disso, atividades como transporte, armazenagem, correios, alojamento e alimentação também mostraram desempenhos positivos, com altas de 5,2% e 4,2%, respectivamente. Esses dados são um reflexo da diversificação da economia, que está se expandindo e criando mais oportunidades de emprego.

A taxa de desemprego, por sua vez, segue em trajetória de queda. No último trimestre de 2024, a taxa ficou em 6,2%, inferior aos 7,4% registrados no mesmo período de 2023, um indicador promissor para a recuperação do mercado de trabalho. No entanto, ainda existem desafios a serem enfrentados, como a população subutilizada, que continua a somar 17,8 milhões de pessoas, o que equivale a 17,8% da força de trabalho. Esse dado indica que, embora muitos estejam empregados, há uma parcela significativa da população que ainda enfrenta dificuldades para acessar um emprego adequado ou que trabalha abaixo de sua capacidade.

Outro dado relevante foi a diminuição da população desalentada, que inclui aqueles que, apesar de estarem disponíveis para o trabalho, não buscam ativamente vagas devido a uma série de fatores, como falta de experiência ou a percepção de que não há empregos adequados. Em 2024, essa população caiu para 3 milhões, representando uma redução de 12,3% em relação ao último trimestre de 2023.

Em resumo, o Brasil observa um crescimento sólido do mercado de trabalho em 2024, com uma recuperação significativa após os impactos da pandemia. O aumento no número de empregos com carteira assinada e a queda na taxa de desemprego são sinais positivos, embora ainda existam desafios relacionados à informalidade e à subutilização da força de trabalho. O panorama geral, no entanto, demonstra um mercado de trabalho em expansão, com setores chave apresentando bons resultados e trazendo esperanças para o futuro.