O Museu de Ciências da Terra (MCTer), vinculado ao Serviço Geológico do Brasil (SGB), revelou uma descoberta que agita o cenário científico nacional: um fóssil de caranguejo até então desconhecido pela ciência. Batizado como Pirabacarcinus iara, esse caranguejo pré-histórico habitou os mares durante o Mioceno, aproximadamente 20 milhões de anos atrás.
A relevância dessa descoberta vai além do aspecto paleontológico, alcançando aspectos culturais e industriais, como será explorado neste artigo.
Durante o Mioceno, uma era em que os ambientes marinhos carbonáticos dominavam o litoral norte do Brasil, surgia o Pirabacarcinus iara. Essa época, conhecida como o antigo “Caribe brasileiro”, é representada pelos calcários da Formação Pirabas. Essa formação geológica é de extrema importância para a compreensão dos paleoambientes miocênicos, além de possuir potencial para a indústria do petróleo nos dias atuais.
O fóssil do Pirabacarcinus iara foi coletado no município de Capanema (PA) em 1958 e permaneceu guardado na coleção de Paleontologia do Museu de Ciências da Terra até o anúncio desta quinta-feira (25). Os cientistas responsáveis pela análise afirmam que essa espécie não apenas representa uma nova descoberta, mas também um novo gênero dentro da taxonomia dos caranguejos.
A escolha do nome Pirabacarcinus iara carrega uma carga cultural significativa. A palavra “iara” remete à entidade folclórica brasileira Yara ou Iara, conhecida como a mãe das águas. Essa homenagem destaca a relação entre a ciência e a cultura, demonstrando como elementos da mitologia brasileira podem influenciar até mesmo a nomenclatura científica.
Além de ser o primeiro registro da família Pilumnidae no Brasil, o Pirabacarcinus iara fornece insights valiosos sobre a evolução e dispersão dos caranguejos ao longo do tempo. Essa descoberta não apenas preenche lacunas no conhecimento paleontológico, mas também amplia nossa compreensão sobre a diversidade e distribuição das espécies marinhas pré-históricas.
O estudo que resultou na identificação do Pirabacarcinus iara foi realizado em colaboração com o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (Universidade Regional do Cariri-URCA) e o Laboratório de Paleoecologia e Mudanças Globais (Universidade Federal Fluminense-UFF). Os resultados dessa pesquisa foram publicados em dezembro de 2023 no periódico científico Journal of South American Earth Sciences.
A descoberta do fóssil do caranguejo Pirabacarcinus iara pelo Museu de Ciências da Terra representa um marco na paleontologia brasileira. Além de expandir nosso conhecimento sobre a fauna marinha do Mioceno, essa descoberta destaca a importância da preservação do patrimônio geológico e cultural do Brasil. O nome escolhido para a nova espécie reflete não apenas sua relevância científica, mas também sua conexão com as tradições e mitologias locais.
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