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A história curiosa de um aposentado e sua amizade com uma capivara popular

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Algumas histórias parecem ter sido feitas para serem contadas e, entre as tranquilas paisagens da Tri Fronteira, onde Brasil e Argentina se encontram, uma amizade especial desperta a atenção de quem passa pelo Lago Internacional do Parque Turístico Ambiental da Integração – Ptai. Existe uma conexão misteriosa entre o animal e a pessoa que gosta de cuidar dos bichos, como uma química, que os faz se comunicar silenciosamente, convergindo para uma cumplicidade incondicional.

Isto, de certa forma, conceitua a relação entre um aposentado e um animal silvestre, que não é de estimação, como um cão ou um gato. Todos os dias, Pedro Vanini, um aposentado de 78 anos e ex-funcionário de uma empresa de transportes, leva dois quilos de alimentos ao lago internacional, na divisa entre Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, e Bernardo de Irigoyen, Misiones-Argentina, onde vive uma capivara de aproximadamente 80 quilos, única e solitária habitante desse ambiente. Ela se tornou um símbolo local, e Pedro a trata com tanto zelo e cuidado que a relação entre os dois já é conhecida entre os moradores e visitantes da região.

Há três anos e sete meses, Pedro assumiu o papel de cuidador da capivara, que apareceu no lago aparentemente sem companhia. Contou ao Jornal da Fronteira que, desde então, sua presença diária se tornou uma rotina, e ele leva alimentos naturais como mandioca, batata-doce e milho-verde para nutrir o animal, respeitando sua dieta na natureza.

Sua dedicação faz com que a capivara o reconheça e, em uma demonstração tocante de carinho e confiança, ela se aproxima nadando sempre que o vê, pronta para receber o alimento que Pedro oferece. Em alguns momentos, quando ela está fora da água, vai ao encontro dele na rua, igual um cachorro que corre ao encontro do dono quando chega em casa. Esse encontro diário entre o homem e o animal selvagem atrai olhares curiosos e admirados de quem passa pela área, muitos dos quais registram o momento em fotos e vídeos.

O lago da Tri Fronteira é um ponto de encontro entre as cidades de Barracão, no Paraná, Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, e Bernardo de Irigoyen, Misiones, na Argentina. É uma área natural que tornou-se um ponto turístico e cultural, com a realização de eventos locais, apresentações musicais e pela presença da capivara, que vive solitária nesse espaço e já considerada por muitos como um mascote do lugar. O animal se tornou um símbolo das cidades gêmeas e, ao lado de Pedro Vanini, compõe uma imagem de harmonia entre o homem e a natureza.

Pedro conta que desde o início se encantou pela capivara, vendo nela uma forma de retribuir ao mundo animal. Antes de se aposentar, Pedro admitiu que costumava caçar; no entanto, ao longo dos anos, desenvolveu uma conexão profunda com os animais, hoje dedicando seu tempo para alimentar e proteger tanto a capivara quanto cerca de 50 passarinhos que visitam sua casa diariamente para serem alimentados. Esse cuidado constante mudou sua visão, e ele agora busca preservar e oferecer uma nova vida aos animais.

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A relação de Pedro com a capivara do Lago da Tri Fronteira é envolvente. Ele relata que, nos dias em que esteve viajando, foi sua filha quem assumiu a responsabilidade de alimentar o animal, e até mesmo sua esposa o acompanhou em algumas visitas ao lago.

Em um gesto de carinho, ele e outras pessoas do local construíram um ninho para a capivara, garantindo que ela tenha um refúgio seguro. E a capivara parece reconhecer esse cuidado, vindo ao seu encontro assim que percebe sua presença.

A popularidade da capivara também se reflete nas redes sociais, onde vídeos e fotos do animal, especialmente em momentos ao lado de Pedro, viralizaram entre internautas. Com o tempo, o carinho da população pelas visitas de Pedro e pela rotina da capivara só cresceu, levando alguns moradores e visitantes a contribuírem eventualmente com alimentos. Mesmo assim, é Pedro quem assume o compromisso diário, comprando os vegetais por conta própria e dedicando parte de seu dia para estar com o animal.

A história da capivara e de seu cuidador se tornou parte da identidade local, atraindo não só a curiosidade, mas também gestos de carinho dos visitantes e moradores.

Pedro conta que, enquanto alimenta a capivara, as pessoas param para observar, fotografar e interagir com o animal. Muitos se encantam com a docilidade da capivara e a tranquilidade com que aceita o carinho de Pedro. Em uma ocasião marcante, ele lembra que duas visitantes de Santo Antônio do Sudoeste se emocionaram ao ver o animal de barriga para cima, se deixando acariciar com confiança.

Infelizmente, nem todas as interações foram positivas. Pedro recorda, com tristeza, um episódio em que encontrou a capivara ferida, com um profundo corte no focinho causado por um facão. Naquele momento, ele temeu pela vida do animal, mas a capivara demonstrou resiliência, superando o ferimento e continuando sua vida no lago. Esse acontecimento reforçou em Pedro a determinação de cuidar dela e de protegê-la, tornando o vínculo entre os dois ainda mais forte.

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Em outro momento, mais recentemente, a capivara foi atacada por cães de rua, ela saiu gravemente ferida.

Para Pedro, alimentar a capivara é mais do que uma simples tarefa; tornou-se uma forma de encontrar propósito e paz em seu cotidiano. A aposentadoria trouxe tempo livre, mas também a oportunidade de estabelecer uma rotina em prol de outro ser vivo, criando uma relação que, para ele, traz um sentimento de dever cumprido e de amor.

Todos os dias, ao caminhar até o lago, ele vê a capivara esperando, e esse encontro diário o motiva, o conecta à natureza e o faz sentir que seu cuidado e presença são essenciais para o bem-estar daquele animal.

A capivara não é apenas um animal para Pedro, mas também um símbolo de transformação pessoal. Ela representa a mudança de alguém que um dia foi caçador para alguém que hoje preserva e cuida. Esse carinho é extensivo não só à capivara, mas também aos pássaros que frequentam o lago, aos quais ele oferece alimento com o mesmo cuidado. Para ele, cada grão e pedaço de mandioca entregues aos animais são uma forma de retribuição, um modo de respeitar a vida.

A relação entre Pedro Vanini e a capivara do Lago da Tri Fronteira é única e, ao mesmo tempo, universal. Ela reflete o poder da empatia e da compaixão em transformar o cotidiano, criando uma conexão que ultrapassa as barreiras entre humanos e animais.

Muitos que visitam o lago veem no aposentado uma figura de inspiração, alguém que, em sua simplicidade, demonstra valores de cuidado e respeito pela vida, valores que são fundamentais para qualquer sociedade.

Os visitantes que presenciam essa amizade deixam o lago tocados e inspirados, e a própria cidade abraçou essa história como parte de sua identidade. A imagem de Pedro alimentando a capivara se tornou emblemática, lembrando a todos que pequenas ações podem criar um grande impacto, especialmente quando realizadas com dedicação e carinho. Para muitos, a história de Pedro e da capivara é um lembrete da importância de cuidar da natureza e dos seres que dela fazem parte.

FONTE: JORNAL DA FRONTEIRA

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