A santoantoniense, Daiana Cavalheiro, mãe de um menino de 5 anos portador do transtorno do espectro autista comemorou a decisão dos vereadores
O poder Executivo de Santo Antonio do Sudoeste, encaminhou à Câmara de Vereadores três projetos cruciais que visam garantir os direitos e a inclusão social das pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Durante a sessão, Daiana Cavalheiro defendeu as questões, que foram aprovadas em duas votações definitivas.
Daiana expressou sua gratidão pelo acolhimento da Administração Municipal e da Câmara de Vereadores, que não apresentou objeções à proposta. Segundo ela, a iniciativa é um sonho que se torna realidade, destacando a importância de incluir o TEA nas leis que protegem as pessoas com deficiência.
Desde o início, Daiana foi questionada sobre essa inclusão, uma vez que a Lei Brasileira de Inclusão equipara os autistas às pessoas com deficiência apenas para fins legais. Ela explicou que o autismo, por si só, não é uma deficiência, mas um transtorno que frequentemente vem acompanhado de comorbidades. Essa complexidade leva à incompreensão, pois a gravidade do autismo pode variar significativamente de uma pessoa para outra.
“Muitas vezes a falta de conhecimento sobre o TEA pode levar à negação de direitos, e muitas famílias desistem de lutar por eles. Ao incluir explicitamente o Transtorno do Espectro Autista, nas leis municipais que abrangem pessoas com deficiência, elimina-se a margem para interpretações equivocadas e garante-se o acesso facilitado aos direitos”, explicou Daiana.
Durante a sessão, os presentes viveram um momento emocionante na Câmara, Daiana expressou sua experiência pessoal como mãe de Miguel, um menino de 5 anos portador de TEA, em nível três, de suporte.
“Eu percebi as particularidades do meu filho desde as primeiras semanas de vida, notando que sua rotina era atipicamente exaustiva. Porém, toda vez que eu buscava por ajuda ou apoio, recebia críticas, inclusive de profissionais de saúde”, detalhou Daiana.
O diagnóstico de Miguel veio apenas aos dois anos, revelando um autismo de nível 3 de suporte, o que projeta atenção constante. Daiana falou sobre as dificuldades enfrentadas, como a falta de comunicação verbal e as crises frequentes. No entanto, com o tempo e o suporte adequado, Miguel superou muitos desafios e hoje fala e raramente tem crises.
Motivada por sua experiência, Daiana se tornou uma defensora dos direitos das pessoas com TEA.
“Eu não desejo que nenhuma outra mãe passe pelo que eu passei, marcado pela falta de apoio familiar, social e profissional, e através desses projetos aprovados nessa segunda por nossos vereadores, como pais poderemos cobrar a implementação das determinações em sua totalidade, garantindo os direitos das crianças e adultos portadores de TEA, tais como a demarcação de vagas prioritárias para pessoas com deficiência, incluindo o símbolo do quebra-cabeça para identificar as vagas destinadas a autistas, conforme a Lei 2000”, explicou Daiana.
Essa medida segundo Daiana, é crucial para garantir que adultos autistas, que sejam literários e visuais, identifiquem seus direitos e utilizem os serviços disponíveis. Ela enfatizou que a comunicação visual é fundamental para o autista, e a falta de símbolos claros pode impedir ou limitar o acesso aos direitos básicos.
Além disso, Daiana abordou a importância de combater o estigma e a vergonha que muitas mães sentem ao lidar com crises de seus filhos em público. Ela defendeu que essas crianças precisam sair e conviver em sociedade, pois essa é uma parte essencial do tratamento.
No entanto, a falta de leis claras e o despreparo da sociedade muitas vezes levam as mães a manterem os seus filhos em casa, perpetuando a invisibilidade do autismo.
Daiana afirmou que o Paraná é um dos poucos estados com um estatuto específico para pessoas com TEA, o que representa um avanço significativo na proteção de seus direitos.
“O estado está promovendo um mutirão para a emissão da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CipTEA), um documento nacional que facilita o acesso a serviços e direitos. Para aceder a esse serviço, a assistência social do município auxilia as famílias no processo de emissão e atualização do CIPTEIA, garantindo que todos tenham acesso a esse importante instrumento de identificação”, frisou a mãe de Miguel.
Para concluir, Daiana expressou sua esperança na implementação efetiva dos projetos aprovados, ressaltando a importância de transformar as leis em ações concretas que beneficiem as pessoas com TEA e suas famílias.
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