Buracos coronais no sol terão consequências na terra, explica cientista

As recentes descobertas sobre buracos coronais no Sol têm despertado atenção da comunidade científica e do público em geral. O cientista russo Sergei Bogachev, chefe do Laboratório de Astronomia Solar do Instituto de Pesquisas Espaciais da Rússia, explicou à agência Sputnik que o vento solar ao redor da Terra está prestes a acelerar significativamente devido à influência de um grande buraco coronal. Apesar do aumento na velocidade das partículas carregadas, as chances de tempestades magnéticas severas são consideradas baixas. Mas o que são buracos coronais e como eles impactam nosso planeta?

O que são buracos coronais?

Buracos coronais são regiões na coroa solar, a camada mais externa da atmosfera do Sol, onde a densidade e a temperatura do plasma são reduzidas. Esses fenômenos podem ser identificados por imagens de raios X capturadas por satélites. De maneira geral, a densidade do plasma nesses locais é cerca de cem vezes menor do que no restante da coroa solar, permitindo que o vento solar escape com maior intensidade.

Segundo Bogachev, buracos coronais tendem a se formar durante períodos de baixa atividade solar. “Eles são um fenômeno oposto à atividade solar e geralmente ocorrem em um Sol calmo”, afirma. Atualmente, após um início de ano mais ativo, o Sol está atravessando um período de calmaria, criando as condições ideais para a formação desses fenômenos.

O que é o vento solar?

O vento solar consiste em um fluxo constante de partículas carregadas — principalmente prótons e elétrons — que são liberadas pela coroa solar em direção ao espaço. Esse fluxo desempenha um papel essencial na dinâmica do clima espacial, podendo influenciar a magnetosfera terrestre e causar fenômenos como as auroras boreais e austrais.

Com o aumento da velocidade do vento solar, previsto para subir de 400 para 600 quilômetros por segundo, as condições na magnetosfera terrestre podem se tornar mais turbulentas. Segundo Bogachev, esse crescimento é significativo, mas não deve representar grandes riscos.

Buracos coronais e suas consequências

O principal efeito dos buracos coronais é o aumento da velocidade do vento solar, que pode persistir por dias ou até semanas. Essa aceleração pode ocasionar variações no campo magnético da Terra, potencialmente afetando comunicações via satélite e sistemas de navegação, bem como redes elétricas em alta latitude. Contudo, tempestades magnéticas mais severas dependem de uma série de fatores ainda pouco compreendidos.

De acordo com Bogachev, os buracos coronais são menos intensos do que outros eventos solares, como ejeções de massa coronal, que liberam quantidades massivas de plasma e campos magnéticos em direção ao espaço. Ainda assim, a observação constante desses fenômenos é essencial para monitorar seus possíveis impactos na Terra.

A magnetosfera terrestre sob pressão

Quando o vento solar interage com a magnetosfera, ele pode compressá-la e desencadear perturbações conhecidas como subtempestades geomagnéticas. Essas perturbações, embora menos intensas do que uma tempestade magnética completa, podem influenciar a ionosfera, interferindo em comunicações de rádio e em operações de satélites.

No entanto, é importante destacar que o atual aumento na velocidade do vento solar, embora significativo, não é considerado alarmante. “A deterioração da situação na magnetosfera é esperada, mas não há evidências de que tempestades magnéticas fortes ocorrerão”, enfatiza Bogachev.

Monitoramento e previsão do clima espacial

Avanços tecnológicos e programas de monitoramento são fundamentais para prever e mitigar os efeitos do clima espacial. Satélites como o SOHO (Observatório Solar e Heliosférico) e o Parker Solar Probe fornecem dados essenciais sobre a atividade solar e o comportamento do vento solar.

O estudo dos buracos coronais também contribui para o entendimento de fenômenos mais complexos, como as dinâmicas da coroa solar e sua interação com o espaço interplanetário. “Ainda há muito a aprender sobre as variações do vento solar e seus impactos. A pesquisa nessa área é essencial para garantir a segurança das tecnologias dependentes do espaço”, conclui Bogachev.