Os países do Brics desempenham um papel crucial na produção agrícola e no comércio agropecuário global.
O grupo, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, concentra aproximadamente metade dos 550 milhões de produtores rurais do mundo, segundo Luís Rua, secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Esse protagonismo se reflete em estatísticas impressionantes: os países do Brics são responsáveis por 30% da pesca de cultivo e 70% da aquicultura mundial, além de serem grandes produtores de fertilizantes, cereais e carnes.
Diante dessa relevância, a cooperação entre os membros do bloco e o debate sobre a agricultura ganham cada vez mais destaque. Essa importância foi ressaltada por Luís Rua em uma coletiva de imprensa realizada em Brasília, após a reunião do Grupo de Trabalho de Agricultura do Brics.
Durante o evento, o secretário reforçou que, em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 165 bilhões em produtos agropecuários, sendo que 41% desse total tiveram como destino os países do Brics.
Segurança alimentar e o papel do Brics no combate à fome
Além do impacto econômico, os países do Brics têm um papel fundamental na segurança alimentar global. Atualmente, cerca de 733 milhões de pessoas passam fome no mundo, o que reforça a necessidade de uma postura ativa dos grandes produtores de alimentos na erradicação desse problema.
Segundo Luís Rua, a construção de um comércio agropecuário justo e inclusivo é um dos pilares das discussões do grupo.
O compromisso dos países do Brics com a segurança alimentar pode contribuir diretamente para a redução da fome e para a promoção de um abastecimento alimentar mais eficiente e acessível.
A conexão entre a agricultura e a COP 30
Outro tema relevante abordado pelo secretário é a interseção entre a agricultura e as discussões ambientais, especialmente no contexto da COP 30, que será sediada pelo Brasil.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas tem relação direta com as práticas agrícolas, uma vez que o setor precisa se adaptar a modelos produtivos mais sustentáveis.
Um exemplo prático dessa conexão é o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas, iniciativa que busca recuperar áreas de pastagem degradadas e transformá-las em lavouras produtivas por meio de sistemas integrados de lavoura, pecuária e florestas.
No ano passado, o Brasil conseguiu recuperar mais de 1 milhão de hectares de pastagens degradadas, promovendo uma agricultura sustentável sem necessidade de desmatamento.
Essa prática não apenas melhora a produtividade agrícola, mas também reforça o compromisso com a segurança alimentar e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, em especial o ODS 2, que visa erradicar a fome até 2030.
Certificação eletrônica e inovação no comércio agropecuário
Para facilitar o comércio entre os países do Brics, uma das iniciativas em discussão é a certificação eletrônica, que visa reduzir a burocracia e melhorar a eficiência das exportações.
Esse mecanismo pode eliminar barreiras comerciais, como mercadorias que ficam retidas em portos devido à falta de documentos físicos. Ao adotar a certificação eletrônica, os países do Brics demonstram como o Sul Global pode liderar iniciativas inovadoras no comércio internacional.
A digitalização do comércio agropecuário não apenas agiliza os processos de exportação e importação, mas também proporciona maior transparência e segurança nas transações. Isso beneficia diretamente os produtores e exportadores, permitindo que seus produtos cheguem ao mercado de forma mais rápida e eficiente.
O avanço do Brics no setor agropecuário
O crescimento da relevância dos países do Brics no cenário agropecuário mundial demonstra o potencial do bloco para fortalecer sua posição como um dos principais impulsionadores da produção e comércio de alimentos.
Com políticas coordenadas e iniciativas voltadas para a sustentabilidade, o grupo pode desempenhar um papel decisivo na construção de um modelo agropecuário mais resiliente e eficiente.
Além disso, a cooperação entre os países do Brics possibilita o intercâmbio de tecnologias agrícolas avançadas, o que melhora a produtividade e reduz os impactos ambientais.
O desenvolvimento de práticas sustentáveis e o compartilhamento de conhecimento entre as nações do bloco são fatores essenciais para garantir que a produção agrícola continue atendendo à demanda global de forma equilibrada.