A ciência tem o poder de transformar realidades e proporcionar soluções inovadoras para os grandes desafios da humanidade. Prova disso é o feito de Manoel José Nunes Neto, um jovem brasileiro de 17 anos que se destacou mundialmente ao vencer o Stockholm Water Prize 2024, conhecido como o Prêmio Nobel da Ciência Jovem. Seu projeto inovador, um barco autônomo e sustentável para monitoramento da qualidade da água, promete revolucionar o acesso à água potável em comunidades carentes e áreas ribeirinhas.
Em um cenário onde 26% da população mundial não tem acesso à água potável e onde os problemas de saneamento afetam bilhões de pessoas, soluções como a de Manoel se tornam essenciais para o futuro da sustentabilidade e da saúde pública. Seu dispositivo de baixo custo e fácil manutenção foi desenhado para atuar de forma autônoma e remota, sem a necessidade de especialistas em campo. Com isso, ele minimiza o risco de exposição a áreas contaminadas e oferece dados precisos em tempo real sobre a qualidade hídrica.
A inovação de Manoel
O projeto vencedor de Manoel é um “Rover Aquático”, um barco autônomo e portátil, desenvolvido para analisar a qualidade da água em rios e lagos. O dispositivo coleta dados sobre o pH, a temperatura, a turbidez e o oxigênio dissolvido, oferecendo um diagnóstico preciso e em tempo real da água em áreas remotas, sem a necessidade de intervenção humana direta.
Feito com materiais recicláveis e equipado com placas fotovoltaicas, o barco é totalmente sustentável e utiliza energia limpa para operar. Essa inovação, além de reduzir custos de operação e manutenção, torna o projeto acessível para regiões com pouca infraestrutura. O uso de energia solar reflete o compromisso de Manoel com a sustentabilidade e a preocupação em não adicionar impactos ambientais ao processo de monitoramento.
O barco foi inspirado pelas necessidades das comunidades ribeirinhas do Piauí, estado natal de Manoel. Em muitas dessas áreas, o governo só é notificado sobre a qualidade da água após surtos de doenças relacionadas à contaminação hídrica. O dispositivo de Manoel atua de maneira preventiva, monitorando a água 24 horas por dia e enviando alertas caso os parâmetros de segurança sejam violados. Esse monitoramento contínuo pode evitar doenças e garantir que ações corretivas sejam tomadas antes que a situação se agrave.
O impacto do projeto para o saneamento mundial
Segundo o UN World Water Development Report 2023, 46% da população global, o equivalente a 3,6 bilhões de pessoas, não possuem acesso a serviços de saneamento seguros. A ausência de controle efetivo da qualidade da água contribui para a proliferação de doenças e para o agravamento de problemas de saúde pública, especialmente em regiões de baixa renda.
O barco autônomo desenvolvido por Manoel oferece uma solução prática e acessível para monitorar grandes extensões de rios e lagos em áreas remotas, onde o acesso à infraestrutura é limitado. A capacidade de realizar medições de parâmetros essenciais para a saúde humana, como pH e oxigênio dissolvido, torna o projeto extremamente valioso para governos e organizações de saúde, especialmente em países em desenvolvimento.
Com o potencial de ser implementado em várias regiões do mundo, essa inovação pode ajudar a prevenir surtos de doenças e a garantir que as comunidades recebam água de qualidade, antes mesmo que ela se torne um risco. Além disso, o projeto também pode auxiliar em pesquisas ambientais, monitorando a saúde dos ecossistemas aquáticos e permitindo que cientistas e ambientalistas acompanhem as mudanças na qualidade da água de maneira mais eficaz.
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A trajetória do jovem cientista
Manoel José Nunes Neto não é apenas um jovem com grande talento para a ciência, mas também alguém profundamente conectado às suas raízes e comprometido com a transformação social. Natural de uma pequena comunidade ribeirinha no Piauí, Manoel cresceu observando os desafios enfrentados pelas pessoas de sua região em relação ao acesso à água limpa. Foi essa realidade que o motivou a buscar uma solução prática e acessível para garantir o acesso seguro à água.
Aos 17 anos, Manoel já demonstrava uma aptidão notável para as ciências, especialmente nas áreas de robótica e automação. Com o apoio de professores e com o uso de recursos limitados, ele começou a trabalhar em sua ideia de criar um barco capaz de monitorar a qualidade da água. O uso de materiais recicláveis e a adaptação de tecnologias já existentes mostram a criatividade e a capacidade de inovação de Manoel, que conseguiu transformar uma ideia simples em uma solução com potencial global.
Ao vencer o Stockholm Water Prize 2024, Manoel se tornou o primeiro nordestino e o primeiro jovem de sua região a receber tal honraria. Ele agora representa o Brasil e o Nordeste em uma das maiores vitrines mundiais de inovação científica, mostrando ao mundo que o talento e a determinação podem surgir de qualquer lugar.
A ciência como ferramenta de transformação social
A vitória de Manoel no Prêmio Nobel de Ciência Jovem reforça a importância de incentivar o acesso à ciência e tecnologia em regiões mais carentes. A pesquisa “O que os jovens pensam da ciência e da tecnologia”, do Instituto Nacional de Comunicação Pública de Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), revela que o interesse dos jovens brasileiros por essas áreas é crescente. No entanto, ainda há grandes disparidades no acesso a atividades científicas e educacionais, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do país.
Para superar esses obstáculos, é crucial investir em iniciativas que promovam a educação científica desde cedo e ofereçam oportunidades para que jovens talentosos, como Manoel, possam explorar seu potencial. Durante sua gestão como Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, o ex-astronauta brasileiro Marcos Pontes criou uma secretaria dedicada à popularização da ciência, buscando atrair mais jovens para o mundo científico. Além disso, ele foi um dos principais articuladores de olimpíadas de conhecimento e competições científicas voltadas para alunos de várias faixas etárias, o que proporcionou visibilidade a talentos emergentes.
O caso de Manoel é inspirador não apenas por sua inovação tecnológica, mas também pelo exemplo que ele oferece a outros jovens brasileiros. Sua trajetória mostra que, com apoio e acesso ao conhecimento, é possível criar soluções que impactem positivamente o mundo.
Inovações sustentáveis e o futuro da ciência no Brasil
O barco autônomo de Manoel não é apenas uma solução inovadora para o monitoramento de água; é um exemplo do tipo de inovação sustentável de que o mundo precisa. À medida que as mudanças climáticas e os desafios ambientais se tornam cada vez mais urgentes, projetos que utilizam tecnologias limpas e recursos recicláveis estão se tornando fundamentais para a sobrevivência das futuras gerações.
O Brasil, com sua rica biodiversidade e vastos recursos hídricos, tem um papel importante a desempenhar no cenário global de inovação sustentável. Projetos como o de Manoel mostram que o país possui um potencial inexplorado, e que, com o incentivo certo, pode se tornar um líder em tecnologia verde. Além disso, a solução criada por Manoel pode servir de modelo para outros tipos de inovações voltadas para a preservação ambiental e a sustentabilidade.
A ciência no Brasil está avançando, e o reconhecimento de jovens cientistas em prêmios internacionais é um sinal claro de que o país pode ser um protagonista na criação de soluções globais. No entanto, é essencial que haja investimentos contínuos em educação científica, pesquisa e desenvolvimento. Somente assim, mais jovens terão a chance de seguir o exemplo de Manoel e transformar o mundo com suas invenções.
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Conclusão
A história de Manoel José Nunes Neto e seu projeto inovador de um barco autônomo para monitoramento de água é uma prova de que a ciência pode ser uma ferramenta poderosa para a transformação social e ambiental. Aos 17 anos, Manoel não só desenvolveu uma solução para um dos problemas mais críticos do mundo — o acesso à água potável —, mas também se tornou um exemplo de como a inovação pode surgir de qualquer lugar, independentemente das circunstâncias.