O Brasil registrou um avanço significativo na reciclagem de embalagens PET em 2024, com um total de 410 mil toneladas reaproveitadas, o que representa um aumento de 14% em relação às 359 mil toneladas recicladas em 2022.
Os dados fazem parte da 13ª edição do Censo da Reciclagem do PET no Brasil, divulgado nesta segunda-feira (24) pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet). Apesar do crescimento expressivo, o setor ainda enfrenta desafios que comprometem sua plena capacidade produtiva.
Crescimento na reciclagem e desafios do setor
A ampliação da reciclagem do PET reflete o esforço de diversos setores em promover a economia circular e reduzir o impacto ambiental dos resíduos plásticos.
No entanto, a Abipet alerta para a falta de políticas públicas eficientes voltadas à coleta seletiva, o que impede um aproveitamento ainda maior desse material. Segundo o presidente da entidade, Auri Marçon, muitas recicladoras operam com uma ociosidade média de 23%, chegando a picos de até 40%.
“Com isso, a indústria de reciclagem do PET está chegando no seu limite, por não ter a matéria-prima necessária para seus processos produtivos, ao mesmo tempo em que toneladas de embalagens são destinadas aos aterros comuns ou descartadas incorretamente no meio ambiente”, afirma Marçon.
A carência de programas estruturados de coleta seletiva e a baixa adesão da população a práticas sustentáveis agravam o problema. Muitos municípios brasileiros ainda não possuem uma infraestrutura adequada para a separação e destinação correta dos resíduos, o que dificulta o acesso das recicladoras a materiais reaproveitáveis em grande escala.
Principais usos do PET reciclado
O censo da Abipet também detalha os principais setores que utilizam a resina reciclada oriunda das embalagens PET. Em 2024, o destino predominante foi a fabricação de novas embalagens, que consumiu 37% do total reciclado. Esse material é amplamente utilizado na produção de garrafas para água, refrigerantes, energéticos e outras bebidas não alcoólicas.
O setor têxtil aparece em segundo lugar, absorvendo 24% da resina reciclada, seguido pela indústria química, com 13%. Outros segmentos incluem a fabricação de lâminas e chapas plásticas (13%) e a produção de fitas de arquear utilizadas no empacotamento e fechamento de caixas (10%).
“O PET reciclado tem uma gama de aplicações muito ampla, e seu reaproveitamento contribui significativamente para a redução da demanda por plástico virgem, diminuindo a pegada ambiental da indústria”, destaca Marçon.
A importância da conscientização e incentivo à coleta seletiva
Para que o Brasil continue avançando na reciclagem de PET, é fundamental que sejam implementadas políticas públicas voltadas à ampliação da coleta seletiva. Programas de conscientização da população, incentivos para cooperativas de reciclagem e parcerias entre o setor privado e o governo são algumas das medidas que podem contribuir para aumentar a oferta de material reciclável.
Além disso, o envolvimento das empresas que utilizam embalagens PET é essencial. O conceito de logística reversa, que prevê a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, precisa ser fortalecido no país. Grandes marcas já investem em embalagens feitas com material reciclado, mas a demanda ainda é maior do que a oferta disponível no mercado nacional.
Comparação internacional: onde o Brasil pode melhorar?
O Brasil tem avançado na reciclagem do PET, mas ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar índices semelhantes aos de países com sistemas mais estruturados.
Na Europa, por exemplo, a taxa de reciclagem de garrafas PET ultrapassa os 50%, impulsionada por políticas de incentivo e programas de retorno de embalagens, como o sistema de depósito em supermercados.
Em países como Alemanha e Noruega, consumidores recebem um reembolso ao devolverem suas garrafas plásticas em pontos de coleta específicos. Esse modelo não apenas reduz o descarte inadequado, mas também garante um fornecimento constante de matéria-prima para a indústria recicladora.
O papel das cooperativas na reciclagem do PET
No Brasil, as cooperativas de catadores desempenham um papel fundamental na reciclagem de PET. Elas são responsáveis por grande parte da coleta e separação desse material, garantindo que toneladas de embalagens tenham um destino adequado. No entanto, esses trabalhadores ainda enfrentam desafios como a falta de estrutura, remuneração justa e apoio governamental.
Investir na profissionalização e no fortalecimento das cooperativas pode ser um caminho viável para reduzir a ociosidade das recicladoras e melhorar a eficiência da cadeia de reaproveitamento do PET. Além disso, a valorização dos catadores e a ampliação de programas de incentivo podem estimular uma maior adesão da população à separação correta dos resíduos.
Perspectivas para o futuro da reciclagem do PET no Brasil
A reciclagem do PET no Brasil tem potencial para crescer ainda mais nos próximos anos, desde que medidas estruturais sejam implementadas para garantir uma maior oferta de matéria-prima para a indústria.
A adoção de políticas de incentivo, a ampliação da coleta seletiva e o fortalecimento da logística reversa são aspectos fundamentais para que o país possa reduzir sua dependência de plástico virgem e minimizar os impactos ambientais do descarte inadequado.
Para os consumidores, pequenas atitudes podem fazer a diferença. Separar corretamente os resíduos, apoiar iniciativas sustentáveis e cobrar das autoridades políticas mais eficazes para a gestão de resíduos são passos importantes para um futuro mais sustentável.
“O avanço da reciclagem do PET é uma conquista significativa, mas ainda há desafios a serem superados. Com políticas públicas eficientes, maior conscientização da população e investimentos no setor, o Brasil pode alcançar índices ainda mais expressivos, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia”, conclui Marçon.
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