Relatório do Pnud mostra que Brasil subiu no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) com base em dados de 2023, mas desigualdade social ainda impacta avaliação
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou a mais recente edição do Relatório de Desenvolvimento Humano, atualizando os índices de 193 países com base em dados referentes ao ano de 2023.
O Brasil aparece na 84ª colocação, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,786 em uma escala que vai de 0 a 1. Esse valor representa uma melhora em relação ao ano anterior, quando o índice ajustado foi de 0,780. O país subiu cinco posições desde o ranking original de 2022, mas com os ajustes recentes, o avanço corresponde a duas colocações, ultrapassando a Moldávia e empatando com Palau.
O IDH é calculado a partir de três indicadores principais: expectativa de vida, escolaridade e Produto Interno Bruto (PIB) per capita. O Brasil segue classificado como país de desenvolvimento humano alto, dentro da faixa entre 0,700 e 0,799.
Na América Latina e Caribe, o Chile lidera o ranking regional, ocupando a 45ª posição com IDH de 0,878. Outros nove países latino-americanos também estão entre os de desenvolvimento muito alto. A média regional subiu de 0,778 para 0,783 entre 2022 e 2023, demonstrando uma evolução de 0,64%.
Globalmente, a Islândia passou a ocupar a primeira posição, superando Suíça e Noruega, com um IDH de 0,972. Os seis países mais bem colocados no ranking são todos europeus. Na outra ponta, o Sudão do Sul continua com o menor IDH do mundo (0,388), seguido por outras nações africanas e o Iêmen, que enfrenta prolongado conflito armado.
A média mundial do IDH alcançou 0,756 em 2023, representando um crescimento de 0,53% em relação ao ano anterior. Apesar da alta, o coordenador do relatório, Pedro Conceição, alerta para dois pontos de atenção.
O primeiro é que o ritmo de progresso está mais lento do que o registrado em décadas anteriores, comprometendo a meta de alcançar níveis muito altos de desenvolvimento humano até 2030. O segundo é que países com IDH mais baixo continuam ficando para trás, rompendo uma tendência histórica de convergência entre as nações.
A análise do Pnud também apresenta ajustes no IDH com base em desigualdades sociais internas. Nesse cenário, o IDH do Brasil é recalculado para 0,594, o que rebaixa o país à 105ª colocação e o coloca na categoria de desenvolvimento médio.
Em comparação, países com menos desigualdade social mantêm seus índices próximos dos originais mesmo após o ajuste. A Islândia, por exemplo, tem IDH ajustado de 0,923.
O relatório também aborda desigualdades de gênero. No Brasil, as mulheres têm leve vantagem nos indicadores gerais (IDH de 0,785 contra 0,783 dos homens), impulsionadas por maior expectativa de vida e nível educacional, ainda que o rendimento médio per capita seja inferior ao dos homens.
Outro dado analisado é o IDH ajustado pela pegada de carbono, que considera os impactos ambientais das atividades econômicas dos países. Nesse critério, o Brasil apresenta IDH de 0,702 e se posiciona na 77ª colocação, demonstrando uma performance ambiental relativamente favorável em comparação a outros países com índices semelhantes.
O tema central do relatório deste ano é a inteligência artificial. O administrador do Pnud, Achim Steiner, destacou a importância de orientar o uso dessa tecnologia para o bem coletivo. Ele defende uma abordagem que promova a cooperação internacional, especialmente no apoio aos países em desenvolvimento, para que também possam integrar a nova economia tecnológica global.
Steiner ressalta que a inteligência artificial deve ampliar as capacidades humanas, contribuindo para a criatividade, diversidade e inovação, sem comprometer a segurança coletiva nem aprofundar desigualdades já existentes.
O relatório conclui que, embora os avanços no IDH sejam contínuos em diversas partes do mundo, o ritmo desigual de progresso e os desafios estruturais de países mais vulneráveis exigem políticas públicas e cooperação internacional mais consistentes.
A utilização consciente da tecnologia, como a inteligência artificial, é vista como uma das ferramentas-chave para garantir um desenvolvimento humano sustentável e mais equitativo nas próximas décadas.
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