Levantamento do Todos Pela Educação indica que desigualdades na conclusão do ensino médio continuam elevadas e podem persistir por mais de uma década no Brasil.
O Brasil deve levar ainda 16 anos para superar as desigualdades raciais e socioeconômicas na conclusão do ensino médio se mantiver o ritmo médio de avanços registrado nos últimos dez anos. A projeção consta em estudo divulgado pelo Todos Pela Educação com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Segundo o levantamento, um em cada quatro jovens de até 19 anos está fora da escola sem ter concluído a educação básica por necessidade de trabalhar ou por perda de interesse. O estudo aponta diferenças significativas entre grupos raciais. Entre jovens pretos, pardos e indígenas, 69,5% concluíram o ensino médio até os 19 anos, enquanto entre jovens brancos e amarelos o índice é de 81,7%. Há dez anos, a distância era ainda maior, com taxa de conclusão de 66,3% entre brancos e 46% entre jovens negros.
Nos últimos dez anos, o país registrou uma redução média anual de 0,8 ponto percentual nas desigualdades raciais. Se esse ritmo for mantido, o Brasil precisará de 16 anos para igualar os resultados entre os dois grupos. O estudo afirma que o avanço existe, mas permanece insuficiente para assegurar a conclusão da educação básica a todos os jovens.
De acordo com Manoela Miranda, gerente de políticas educacionais do Todos Pela Educação, é necessário reforçar políticas que garantam acesso, permanência, aprendizagem e equidade, especialmente para os mais vulneráveis. Quando o recorte é socioeconômico, as diferenças são ainda mais amplas: entre os jovens mais pobres, apenas 60,4% concluíram o ensino médio até os 19 anos, enquanto entre os mais ricos o índice chega a 94,2%.
A diferença entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos diminuiu 15,3 pontos percentuais na última década, passando de 49,1 pontos percentuais em 2015 para 33,8 pontos percentuais em 2025. Apesar disso, o ritmo atual indica que a equiparação entre os dois grupos só deve ocorrer em mais de duas décadas, por volta de 2048. O estudo destaca que o programa Pé-de-Meia pode contribuir para reduzir a evasão escolar relacionada à necessidade de trabalhar.
O programa oferece R$ 200 mensais a estudantes matriculados no ensino médio, além de R$ 1.000 anuais por ano concluído e um adicional de R$ 200 para aqueles que realizarem o Enem. Os valores ficam retidos em poupança e só podem ser sacados após a conclusão do ensino médio. Até o fim de 2024, o benefício alcançava 3,95 milhões de estudantes, o equivalente a 50,6% das matrículas do ensino médio naquele ano.
Os dados mostram que os motivos para a não conclusão variam conforme a renda. Entre os jovens mais pobres, 18,1% permaneciam estudando, 8,3% interromperam os estudos por necessidade de trabalhar, 10,6% declararam falta de interesse e 6,8% relataram outros motivos.
Entre os mais ricos, os índices são menores: 3,2% ainda estudavam, 2,8% precisavam trabalhar, 1,5% mencionaram falta de interesse e 0,5% apresentaram outras razões. Segundo o estudo, as desigualdades socioeconômicas influenciam diretamente as trajetórias escolares, aumentando o risco de não conclusão da educação básica entre os jovens mais pobres devido ao atraso escolar, demanda por trabalho e perda de interesse.

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