A descoberta de uma Rafflesia hasseltii totalmente aberta, em plena floresta tropical de Sumatra, devolveu esperança e emoção a uma equipe de cientistas que dedicou mais de uma década a essa busca improvável. A expedição, organizada por pesquisadores da Universidade de Oxford, avançou por áreas remotas patrulhadas por tigres até localizar a flor gigante e parasita que, segundo os especialistas, é mais frequentemente vista por predadores do que por seres humanos. O momento do achado, registrado em vídeo, tornou-se um dos registros botânicos mais celebrados do ano.
Uma busca de 13 anos premiada com um encontro único
O ponto alto da expedição ocorreu quando Septian “Deki” Andrikithat, caçador de flores indonésio, caiu de joelhos em lágrimas ao ver o exemplar recém-aberto. Ao lado dele, o professor associado de Biologia de Oxford, Dr. Chris Thorogood, também se emocionou ao perceber o tamanho da raridade encontrada. Para Thorogood, a jornada exaustiva — marcada por trilhas difíceis e longos períodos de vigilância na mata — se justificou no instante em que a flor revelou suas pétalas vermelhas salpicadas de branco.
Segundo a equipe, a sensação era de alcançar um verdadeiro “santo graal botânico”. Isso porque a Rafflesia leva meses para se desenvolver, mas permanece aberta por apenas alguns dias, tornando o flagrante praticamente um evento estatístico improvável. Para os pesquisadores, observar a abertura completa da flor diante deles foi comparável a testemunhar algo vindo de outro planeta.
A flor que engana moscas e repele humanos
O fascínio científico pela Rafflesia hasseltii vai além da aparência singular. A espécie vive integralmente como parasita, escondida no interior de cipós tropicais, e só se revela à superfície no curto período de floração. Quando isso ocorre, exala um odor intenso de carne em decomposição — uma estratégia evolutiva para atrair moscas que, acreditando estar diante de um local ideal para depositar ovos, acabam polinizando a planta.
Esse mecanismo peculiar rendeu à Rafflesia o apelido de “flor-cadáver”, e sua imagem imponente, registrada pela equipe de Oxford, lembra criaturas de ficção científica. No vídeo divulgado, o exemplar parece surgir como uma entidade viva que pulsa sob a vegetação tropical.
Um gênero ameaçado pela destruição das florestas
A família da Rafflesia possui mais de 40 espécies, incluindo a Rafflesia arnoldii, considerada a maior flor individual do mundo, capaz de alcançar quase um metro de diâmetro. Apesar do porte impressionante, grande parte dessas plantas está criticamente ameaçada. A dependência de uma espécie hospedeira, somada à dificuldade extrema de cultivo em jardins botânicos, torna sua conservação um desafio contínuo.
Para o Oxford Botanic Garden & Arboretum, episódios como o de Sumatra evidenciam o risco crescente de desaparecimento dessas flores extraordinárias. A destruição rápida das florestas tropicais na região ameaça diretamente o habitat que torna possível a existência desse organismo raro e pouco compreendido.




