Augusto Cury aponta a intoxicação digital como o mal do milênio

Na última década, a humanidade testemunhou uma revolução tecnológica que transformou profundamente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. No entanto, junto com as inegáveis vantagens dessa nova era digital, emergiu uma crise silenciosa que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo: a intoxicação digital.

O psiquiatra e autor best-seller Augusto Cury, conhecido por suas contribuições na área da saúde mental, explora este fenômeno alarmante em seu livro “A Intoxicação Digital: Como Enfrentar o Mal do Milênio”, lançado em novembro de 2023.

Cury, que já havia abordado o tema da ansiedade em seu aclamado livro “Ansiedade: A Síndrome do Pensamento Acelerado”, alerta para os impactos ainda mais devastadores da massificação dos celulares, redes sociais e inteligência artificial. Segundo ele, estamos adoecendo coletivamente, e se não enfrentarmos esse mal, corremos o risco de transformar a humanidade em um verdadeiro “hospital psiquiátrico a céu aberto”.

A revolução digital

A revolução digital trouxe consigo benefícios inquestionáveis. A comunicação globalizada, o acesso instantâneo à informação e a conectividade sem precedentes são apenas algumas das vantagens que moldaram o século XXI. No entanto, Augusto Cury chama a atenção para o outro lado dessa moeda: o impacto profundo e negativo que essa revolução tem causado na saúde mental de crianças, adolescentes e adultos.

Cury argumenta que o uso excessivo de dispositivos digitais e a exposição contínua às redes sociais alteram os ciclos naturais de dopamina e serotonina no cérebro, criando uma dependência que pode ser comparada ao vício em drogas como a cocaína. Ele destaca que essa dependência não é um transtorno casual, mas uma síndrome mental séria, cujos sintomas mais evidentes incluem insatisfação constante, inquietação, intolerância à frustração e uma necessidade crescente de urgência e gratificação instantânea.

Os sintomas da intoxicação digital

A intoxicação digital, conforme descrita por Cury, apresenta uma série de sintomas que afetam tanto o corpo quanto a mente. Um dos mais preocupantes é a necessidade de urgência, ou seja, o desejo de obter tudo de forma rápida e imediata. Essa pressa constante cria uma aversão ao tédio e à solidão, dois estados essenciais para a interiorização e o desenvolvimento da criatividade.

Outro sintoma comum é o déficit de empatia. Com a comunicação mediada por telas, as interações humanas se tornam superficiais, levando à diminuição da capacidade de compreender e compartilhar os sentimentos dos outros. A autocobrança excessiva também é uma característica marcante dessa síndrome, onde indivíduos se sentem constantemente pressionados a alcançar padrões inatingíveis, exacerbados pelas comparações sociais nas redes.

Além disso, o uso contínuo de dispositivos digitais está associado a um déficit de autocontrole, onde as pessoas têm dificuldade em moderar o tempo gasto online, resultando em uma perda significativa de produtividade e uma deterioração nas relações pessoais e profissionais.

A era dos “mendigos emocionais”

Augusto Cury alerta que, se não tomarmos medidas urgentes para enfrentar a intoxicação digital, corremos o risco de entrar em uma era de “mendigos emocionais”. Este termo se refere a indivíduos que, embora conectados com o mundo inteiro através da tecnologia, sentem-se emocionalmente esvaziados e incapazes de encontrar satisfação nas interações reais e nas experiências simples da vida.

Cury observa que essa situação é exacerbada pela maneira como a sociedade valoriza a produtividade e o sucesso instantâneo, deixando pouco espaço para o desenvolvimento emocional saudável. Ele critica o fato de que a busca incessante por aprovação e reconhecimento nas redes sociais está levando a um aumento alarmante de transtornos mentais, incluindo ansiedade, depressão e estresse crônico.

A urgência de uma reeducação digital

Para enfrentar o mal do milênio, Cury propõe uma reeducação digital, que envolve tanto a conscientização sobre os perigos do uso excessivo da tecnologia quanto a adoção de práticas saudáveis para moderar esse uso. Ele sugere que as pessoas, especialmente os jovens, sejam incentivadas a desconectar-se periodicamente do mundo digital para reconectar-se com o mundo real.

Um dos passos fundamentais nesse processo é a implementação de uma “higiene digital”, que envolve a limitação do tempo de uso dos dispositivos, a criação de espaços livres de tecnologia em casa e a priorização de atividades offline que promovam o bem-estar físico e mental. Cury também defende a importância de cultivar o tédio e a solidão como oportunidades para a introspecção e o crescimento pessoal, ao invés de vê-los como estados a serem evitados.

A importância do gerenciamento das emoções

Além de uma reeducação digital, Augusto Cury enfatiza a necessidade de um gerenciamento eficaz das emoções para lidar com a intoxicação digital. Ele acredita que, ao aprender a gerenciar o pensamento acelerado e a controlar as emoções negativas, as pessoas podem reduzir significativamente o impacto da era digital em suas vidas.

Cury sugere técnicas como a meditação, a prática regular de atividades físicas e o desenvolvimento de uma mentalidade de gratidão como formas de fortalecer a resiliência emocional. Ele também destaca a importância de se engajar em relacionamentos significativos e de nutrir o autocuidado como pilares para uma vida equilibrada e saudável na era digital.

Conclusão

“A Intoxicação Digital: Como Enfrentar o Mal do Milênio” de Augusto Cury é um alerta urgente sobre os perigos que a era digital impõe à saúde mental da humanidade. Ao destacar os sintomas e as consequências dessa intoxicação, Cury oferece um caminho para aqueles que desejam recuperar o controle sobre suas vidas em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia.

O livro não só alerta para a necessidade de uma reeducação digital, mas também propõe uma abordagem holística para enfrentar os desafios emocionais e mentais impostos pela modernidade. Cury nos convida a refletir sobre o verdadeiro custo da conectividade constante e a buscar formas de viver de maneira mais equilibrada e satisfatória, cultivando a introspecção, a criatividade e as relações humanas significativas.

Se a humanidade deseja evitar o destino de se tornar um “hospital psiquiátrico a céu aberto”, é crucial que se tome consciência da intoxicação digital e se adote práticas que promovam a saúde mental e emocional em um mundo digitalmente saturado.

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