As piores adaptações de Stephen King — segundo o próprio autor

Poucos autores vivos tiveram tantas obras adaptadas para o cinema quanto Stephen King. De “O Iluminado” a “It: A Coisa”, passando por obras menos conhecidas como “Cemitério Maldito”, o universo criado por King se espalhou pelas telas com intensidade. No entanto, nem sempre a transição da página para o cinema foi bem-sucedida. O próprio escritor já admitiu publicamente sua insatisfação com diversas dessas adaptações — algumas, inclusive, ele detesta abertamente.

O Iluminado

É quase uma heresia para os fãs de cinema dizer que O Iluminado, dirigido por Stanley Kubrick em 1980, não é uma boa adaptação. O filme é aclamado, estudado, referenciado. Mas Stephen King nunca escondeu seu desagrado por essa versão. Para ele, o Jack Torrance vivido por Jack Nicholson já começa o filme completamente insano, o que elimina a espiral de decadência emocional que o livro constrói aos poucos. Em entrevista à Rolling Stone, King disse que o filme é “frio”, “sem alma” e “cheio de técnicas brilhantes a serviço de um roteiro vazio de empatia”.

A crítica do autor é emocional, mas também técnica. Segundo King, o filme ignora temas centrais como alcoolismo, culpa e a fragilidade da masculinidade — todos muito presentes no livro. A substituição do sobrenatural pelo psicológico, nas entrelinhas da direção de Kubrick, é outro ponto que ele considera uma traição à essência da obra.

As piores adaptações de Stephen King — segundo o próprio autor

Cemitério Maldito

O livro O Cemitério (1983) é uma das obras mais pesadas de King. Ele próprio declarou que teve receio de publicá-lo por achar que tinha ido longe demais. A dor da perda, o tabu da morte infantil, o luto como portal para a loucura — tudo isso está intensamente retratado nas páginas. Mas na adaptação de 1989 dirigida por Mary Lambert, King apontou a suavização desses temas como um dos grandes defeitos.

LER >>>  Stephen King retorna com lançamento de um novo livro

Embora ele tenha escrito o roteiro do filme, o resultado final ficou, nas palavras dele, “muito comercial e superficial”. O excesso de alívio cômico, os cortes bruscos e o tom inconsistente quebraram a tensão e diluíram a carga emocional do enredo. Quando o remake de 2019 foi lançado, King foi mais diplomático, mas não poupou críticas: “Era para ser mais assustador do que perturbador, e acabou sendo nenhum dos dois”.

As piores adaptações de Stephen King — segundo o próprio autor

A Torre Negra

A adaptação de A Torre Negra em 2017 era cercada de expectativas. A série literária, considerada por King como seu “magnum opus”, mistura western, fantasia, ficção científica e terror em uma saga que conecta diversos universos da sua obra. A promessa de um grande épico cinematográfico naufragou em um filme de 90 minutos, raso e desconexo.

King, sempre diplomático quando pode, disse que “o coração da história não chegou ao público”. Traduzindo: o filme não captou a essência da saga. Faltou desenvolvimento dos personagens, especialmente do Pistoleiro (vivido por Idris Elba) e do Homem de Preto (Matthew McConaughey), além de uma adaptação apressada que sacrificou camadas narrativas fundamentais. “Foi uma oportunidade perdida”, declarou o autor em entrevista à Vulture.

As piores adaptações de Stephen King — segundo o próprio autor

Conclusão

Stephen King não é apenas um contador de histórias. Ele é, antes de tudo, um observador do comportamento humano, um cronista das emoções extremas e dos abismos internos. Adaptar suas obras exige sensibilidade, coragem e, sobretudo, respeito pela densidade dos temas. Ao apontar os filmes que mais o decepcionaram, King não está apenas exercendo seu direito de crítica — está defendendo o que há de mais sutil e profundo em sua literatura.

LEIA MAIS: 6 livros de Stephen King subestimados que merecem mais reconhecimento

LER >>>  9 livros que viralizaram no TikTok e estão explodindo em vendas no Brasil