As curiosidades fascinantes sobre o universo literário

Os bastidores da literatura estão repletos de histórias curiosas e hábitos peculiares que revelam o lado humano dos grandes escritores. Desde manias inusitadas até eventos inesperados, a vida desses gênios transcende o papel e a tinta. Ao explorar esses aspectos, mergulhamos em um mundo onde a criatividade se encontra com a excentricidade.

Wolfgang Von Goethe e sua escrivaninha alta

Wolfgang Von Goethe, um dos maiores escritores da literatura alemã, tinha um método peculiar de trabalho: ele escrevia em pé. Para isso, mantinha uma escrivaninha alta em sua casa, adaptada a essa preferência. A posição em pé era mais do que uma questão de conforto, mas um estímulo à concentração e à produtividade. Estudos modernos sugerem que trabalhar em pé melhora a circulação e o foco, algo que Goethe parecia intuir muito antes de seu tempo.

Pedro Nava e os móveis aparafusados

Pedro Nava, reconhecido por sua habilidade na prosa memorialista brasileira, tinha um hábito peculiar: aparafusar os móveis de sua casa. A intenção era garantir que nada saísse do lugar. Esse traço de personalidade refletia uma busca pelo controle, algo que também se traduzia em sua escrita detalhista, quase obsessiva, ao retratar a memória e a vida cotidiana.

Gilberto Freyre e o bico de pena

Autor de obras fundamentais como Casa-Grande & Senzala, Gilberto Freyre escrevia à moda antiga, utilizando bico de pena. Apesar de nunca ter manuseado aparelhos eletrônicos, suas obras revelam uma compreensão moderna e profunda das complexas relações sociais no Brasil. Seu livro mais extenso, Ordem e Progresso, de 703 páginas, foi integralmente escrito dessa maneira artesanal.

Euclides da Cunha e o colapso da ponte

Euclides da Cunha, autor do clássico Os Sertões, também se aventurou na engenharia. Contudo, sua experiência na área foi marcada por um revés. Como superintendente de Obras Públicas de São Paulo, construiu uma ponte em São José do Rio Pardo, que ruiu poucos meses após sua inauguração. Persistente, reconstruiu a obra, mas abandonou a carreira de engenheiro. Sua determinação, mesmo diante do fracasso, é um eco do espírito resiliente que permeia sua obra literária.

Machado de Assis e os desafios pessoais

Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura mundial, enfrentou obstáculos significativos desde a infância. Filho de uma família pobre, era míope, gago e sofria de epilepsia. Durante a criação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado foi acometido por uma grave crise intestinal que comprometeu sua visão. Sem poder escrever, ditou grande parte do romance à sua esposa, Carolina. Esse episódio reflete a resiliência de um autor que transcendeu limites físicos e sociais para se tornar um ícone literário.

Graciliano Ramos e a Bíblia como referência

Embora ateu convicto, Graciliano Ramos mantinha uma Bíblia em sua cabeceira. Ele admirava os ensinamentos e a retórica presentes no texto sagrado. Esse interesse revela sua preocupação com a forma e a precisão das palavras, características marcantes de sua obra. Curiosamente, ele se casou duas vezes no religioso, cedendo às convenções sociais da época, mas sempre de maneira discreta.

Aluísio de Azevedo e sua visualização criativa

Antes de começar a escrever, Aluísio de Azevedo desenhava e pintava as personagens de suas histórias. Ele as mantinha em sua mesa de trabalho, como forma de inspiração visual. Esse método destaca a conexão entre as artes visuais e a literatura, demonstrando como a criatividade pode se manifestar de maneiras diversas.

Carlos Drummond de Andrade e a irreverência juvenil

Carlos Drummond de Andrade, poeta de alma e palavra, teve uma juventude marcada por episódios inusitados. Expulso do colégio por desentendimentos, também falsificava assinaturas com maestria. Já adulto, manteve um hábito curioso de picotar papéis para aliviar o estresse. Esse traço revela o espírito inquieto de um dos maiores poetas brasileiros, cujas palavras capturam a profundidade da existência humana.

Cecília Meireles e o “furo” de Fernando Pessoa

Em uma viagem a Portugal, Cecília Meireles marcou um encontro com o poeta Fernando Pessoa. Apesar de esperar por horas, o encontro não aconteceu. Mais tarde, recebeu um livro autografado com uma explicação: Pessoa havia lido seu horóscopo e decidido que não era um bom dia para o encontro. Esse episódio ilustra o fascínio e as peculiaridades que permeiam a vida dos grandes escritores.

Jorge Amado e a adaptação de Gabriela

Jorge Amado demonstrou seu senso de humor ao condicionar a adaptação de Gabriela para a televisão à escolha de Sônia Braga como protagonista. Ao ser questionado sobre a decisão, brincou dizendo que eram amantes, apenas para desmentir tudo pouco depois. Esse episódio é um exemplo do carisma e irreverência que marcaram a vida do autor.

O lado excêntrico de escritores estrangeiros

Os hábitos excêntricos não são exclusividade dos escritores brasileiros. Franz Kafka, por exemplo, dormia com janelas abertas até mesmo no rigoroso inverno de Praga, em uma tentativa de prevenir doenças. Vladimir Maiakóvski, com seu transtorno obsessivo-compulsivo, lavava as mãos compulsivamente. Já Ernest Hemingway lutou contra a depressão durante toda a vida, sucumbindo, tragicamente, ao seu sofrimento.

A literatura não é feita apenas de palavras, mas também das histórias, manias e peculiaridades de seus criadores. Esses detalhes nos aproximam de figuras que, apesar do talento extraordinário, permanecem profundamente humanas. Conhecer esses bastidores não apenas enriquece nossa compreensão da obra literária, mas também nos lembra de que a genialidade muitas vezes emerge de experiências e hábitos incomuns.