As 3 línguas mais antigas da humanidade e as histórias surpreendentes por trás delas

Desde que o ser humano começou a se comunicar de forma complexa, a linguagem tornou-se um pilar essencial da civilização. A fala construiu reinos, propagou religiões e registrou a memória coletiva da humanidade. Mas, entre milhares de idiomas que surgiram ao longo dos milênios, poucos resistiram ao tempo. Neste artigo, vamos explorar as três línguas mais antigas da história humana — línguas que não apenas sobreviveram, mas influenciaram profundamente a cultura, a filosofia e a ciência até os dias de hoje.

1. Sumério: a língua esquecida que inventou a escrita

Pouca gente sabe, mas a primeira língua escrita da história da humanidade foi o sumério, falado na antiga Mesopotâmia, onde hoje se encontra o atual Iraque. Por volta de 3.100 a.C., os sumérios desenvolveram o sistema cuneiforme — uma forma de escrita com símbolos gravados em tábuas de argila. A principal função? Registrar impostos, acordos comerciais e listas de alimentos. Nada muito poético no começo, mas foi assim que nasceu a literatura.

Embora o sumério tenha deixado de ser falado por volta de 2.000 a.C., ele continuou sendo utilizado como língua litúrgica e de ensino por mais mil anos. Sua importância é colossal: foi o berço da administração pública, da contabilidade e da lei escrita. Um detalhe curioso é que os primeiros poemas heroicos — inclusive uma das primeiras epopeias da história, a Epopeia de Gilgamesh — foram escritos em sumério.

Hoje, o sumério é estudado apenas por linguistas e arqueólogos, mas sua influência está gravada em nossa forma de registrar e organizar o mundo.

2. Tâmil: a língua viva mais antiga ainda em uso

Enquanto o sumério repousa nas bibliotecas do passado, o tâmil ainda pulsa nas ruas do sul da Índia, no Sri Lanka e entre comunidades da diáspora em todo o mundo. Com registros escritos que remontam ao século III a.C., o tâmil é considerado a língua viva mais antiga da Terra, com uso contínuo por mais de 2.000 anos.

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A literatura tâmil é vasta, sofisticada e rica em poesia filosófica e textos religiosos. Uma de suas maiores contribuições culturais é a obra “Tirukkural”, uma coleção de aforismos morais e éticos escrita por Thiruvalluvar, que é até hoje estudada em escolas indianas.

Além disso, o tâmil é uma das línguas oficiais da Índia e tem status de língua clássica reconhecida pelo governo. Diferente de muitos idiomas antigos que se fossilizaram em textos religiosos, o tâmil evoluiu, mas manteve sua estrutura original, sendo falado por mais de 70 milhões de pessoas atualmente.

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3. Hebraico: a língua que ressuscitou depois de séculos

O hebraico é um caso impressionante de renascimento linguístico. Durante séculos, foi uma língua morta — usada apenas em contextos religiosos e acadêmicos por estudiosos judeus. Seus registros mais antigos datam do século X a.C., e o idioma é conhecido principalmente por ser a língua original de boa parte da Bíblia Hebraica (Antigo Testamento).

Por volta do século II d.C., o hebraico deixou de ser falado no cotidiano e foi substituído por outras línguas, como o aramaico e, posteriormente, línguas locais dos países onde os judeus viveram na diáspora. Mas o hebraico nunca desapareceu. Ele permaneceu vivo nos textos sagrados, nas orações e nos estudos teológicos.

No final do século XIX, com o movimento sionista e a fundação do Estado de Israel, o hebraico foi trazido de volta à vida como língua nacional moderna, graças aos esforços de Eliezer Ben-Yehuda, considerado o pai do hebraico moderno. Hoje, é falado por mais de 9 milhões de pessoas em Israel e em comunidades judaicas ao redor do mundo.

Por que estudar as línguas mais antigas da humanidade?

Além do fascínio histórico, estudar essas línguas permite compreender as estruturas mentais, sociais e espirituais das civilizações antigas. Palavras carregam visões de mundo. Uma língua como o sumério revela a lógica contábil de uma civilização agrícola; o hebraico expressa uma visão teológica do mundo; já o tâmil traz uma perspectiva filosófica e literária de profundidade notável.

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Essas línguas nos lembram que a comunicação vai muito além das palavras: ela é identidade, é memória, é poder.

Sumério, tâmil e hebraico são mais do que relíquias linguísticas. Elas são testemunhas da engenhosidade humana, da capacidade de registrar a experiência e de perpetuar saberes. Cada uma à sua maneira, essas línguas moldaram religiões, sistemas políticos e modos de pensar que ainda influenciam bilhões de pessoas no mundo atual.

Estudar suas histórias é, acima de tudo, um ato de reconexão com as raízes profundas da nossa humanidade. São vozes ancestrais que ainda falam — basta saber escutá-las.

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