Uma recente missão arqueológica egípcio-dominicana trouxe à luz uma série de artefatos impressionantes no complexo do templo Taposiris Magna, localizado a oeste da histórica cidade de Alexandria.
Liderada pela renomada arqueóloga Kathleen Martínez, a equipe revelou tesouros que oferecem novas perspectivas sobre o período da dinastia ptolemaica, marcando um momento significativo para o estudo do Egito Antigo. O anúncio foi feito no domingo (8) pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito.
Entre os objetos desenterrados, destacam-se estatuetas, moedas, fragmentos de cerâmica, amuletos e bustos que remontam ao período da dinastia ptolemaica (305 a.C. – 30 a.C.). Esses itens não apenas ilustram o estilo de vida e os costumes da época, mas também ajudam a confirmar a importância histórica do templo de Taposiris Magna, um sítio que continua a intrigar estudiosos e arqueólogos de todo o mundo.
Entre as descobertas mais intrigantes está uma estatueta de mármore branco representando uma mulher com uma coroa real. Alguns arqueólogos sugerem que a figura poderia retratar a rainha Cleópatra VII, uma das mais icônicas figuras do Egito Antigo.
Contudo, outros especialistas ponderam que a estátua poderia ser de uma princesa, devido a diferenças sutis nas características faciais. Um busto de pedra calcária representando um rei com o característico toucado nemés também foi desenterrado, reafirmando a conexão do local com a realeza ptolemaica.
Uma descoberta significativa foi a de 337 moedas, muitas das quais retratam Cleópatra VII, reforçando a hipótese de que o templo poderia ter uma associação direta com a famosa rainha. Além disso, fragmentos de cerâmica e vasos de pedra calcária, usados para armazenar alimentos e cosméticos, foram encontrados em excelente estado de conservação, permitindo uma compreensão mais detalhada da cultura material da época.
Esses achados são complementados por lâmpadas de óleo e figuras de bronze, que ilustram as práticas religiosas e a vida cotidiana no período tardio da dinastia ptolemaica. Um amuleto em forma de escaravelho, símbolo de renascimento e proteção no Egito Antigo, também foi recuperado, enriquecendo ainda mais o valor cultural do sítio.
A equipe liderada por Martínez também encontrou os chamados “depósitos de fundação” sob a parede sul do recinto externo do templo. Essas evidências indicam que as paredes do templo foram erguidas no primeiro século a.C., uma época marcada por intensas transformações políticas e culturais na região.
Outro aspecto relevante foi a descoberta dos restos de um templo grego datado do século IV a.C., posteriormente destruído entre o século II a.C. e o início da era cristã. Este fato ilustra a sobreposição de culturas que caracterizou a história antiga do Egito e da bacia do Mediterrâneo.
O templo de Taposiris Magna, cuja construção é atribuída ao período ptolemaico, desempenhou um papel central na vida religiosa e política da região. Localizado estrategicamente próximo a Alexandria, a cidade fundada por Alexandre, o Grande, o complexo serviu como ponto de convergência entre a cultura grega e egípcia.
A dinastia ptolemaica foi marcada por essa fusão cultural, com reis e rainhas assumindo aspectos das tradições egípcias enquanto preservavam elementos gregos. Cleópatra VII, em especial, simboliza essa dualidade. Seu governo, que se encerrou tragicamente após sua morte em 30 a.C., marcou o fim da dinastia e o início do domínio romano no Egito.