O Egito, um país conhecido por sua rica história e patrimônio arqueológico, revelou recentemente uma descoberta emocionante na necrópole de Saqqara, localizada ao sul do Cairo. Entre os achados notáveis estão uma múmia adornada com ouro e quatro túmulos, incluindo o túmulo de um “guardião do segredo” associado a um antigo rei. Essa descoberta proporciona uma visão fascinante da vida e da cultura do Egito Antigo, abrindo uma janela para um passado distante que continua a encantar e intrigar o mundo.
A necrópole de Saqqara, parte da antiga capital egípcia Memphis e designada como Patrimônio Mundial da UNESCO, é um tesouro de arqueologia, com mais de uma dúzia de pirâmides, túmulos de animais e antigos mosteiros cristãos coptas. Neste local histórico, uma equipe de arqueólogos liderada pelo renomado Zahi Hawass, ex-ministro de antiguidades do Egito, fez uma descoberta impressionante que arremessa luz sobre a vida no Egito Antigo durante as quinta e sexta dinastias, que ocorreram aproximadamente entre os séculos 25 e 22 aC.
A jóia da coroa dessa descoberta é a tumba de um sacerdote, inspetor e supervisor de nobres chamado Khnumdjedef. Situada no complexo da pirâmide de Unas, que foi o último rei da quinta dinastia, essa tumba revela cenas vívidas da vida cotidiana na época. Através dos afrescos e inscrições encontrados nas paredes da tumba, os arqueólogos podem vislumbrar as atividades, rituais e relações sociais da época.
Além da tumba de Khnumdjedef, outras descobertas notáveis incluem o túmulo de Meri, um “guardião do segredo” nomeado pelo faraó. Esse título sacerdotal carregava grande importância, concedendo poder e autoridade para conduzir rituais religiosos especiais. A terceira tumba pertencia a um sacerdote associado ao complexo da pirâmide do faraó Pepi I, enquanto a quarta tumba abrigava os restos de um juiz e escritor chamado Fetek. Esta última tumba se destaca pela coleção de impressionantes estátuas que foram encontradas, algumas das maiores já descobertas na região.
No centro da descoberta está um grande sarcófago de calcário, localizado em um poço de 15 metros de profundidade. O que torna esse achado especialmente notável é o fato de que o sarcófago estava selado, mantendo sua integridade por mais de 4.300 anos. Dentro do sarcófago estava uma múmia coberta com folhas de ouro. Essa múmia foi identificada como pertencente a um homem chamado Hekashepes. A incrível preservação dessa múmia oferece uma oportunidade única para os pesquisadores estudarem as técnicas de mumificação e os costumes funerários da época.
A descoberta arqueológica no Egito não é uma ocorrência isolada. Nos últimos anos, o país tem sido palco de várias revelações significativas que oferecem insights valiosos sobre sua história e cultura antigas. Essas descobertas, no entanto, não estão isentas de controvérsias. Alguns críticos argumentam que as escavações priorizam a busca por achados espetaculares que atraem a atenção da mídia em detrimento da pesquisa acadêmica profunda. Apesar dessas preocupações, as descobertas têm desempenhado um papel crucial na revitalização da indústria do turismo egípcio, que foi afetada por anos de agitação política e pela pandemia de COVID-19.
O governo egípcio tem planos ambiciosos para impulsionar ainda mais o turismo. Um desses planos é a inauguração do Grande Museu Egípcio, localizado aos pés das icônicas pirâmides de Gizé. Esta nova instituição cultural tem como objetivo atrair milhões de turistas a cada ano, como parte de uma estratégia mais ampla para impulsionar a economia do país. A indústria do turismo no Egito é uma força vital, responsável por uma parcela significativa do PIB e pela geração de milhões de empregos.
Em última análise, as descobertas arqueológicas como as encontradas na necrópole de Saqqara continuam a capturar a imaginação do público global. Elas nos lembram da profundidade da história e da riqueza cultural que o Egito possui. Cada artefato desenterrado, cada tumba descoberta, é um elo tangível com o passado distante, uma conexão que nos ajuda a compreender melhor as raízes da civilização humana. Através do trabalho apaixonado de arqueólogos e pesquisadores, o Egito Antigo continua a se desvendar, revelando segredos enterrados há milênios.