Arqueólogos encontram cidade subterrânea escondida sob casas históricas no Irã

A recente descoberta de uma notável cidade subterrânea sob cinco casas históricas na antiga cidade de Abarkuh, no Irã, está cativando arqueólogos e historiadores do mundo inteiro. Localizada na província de Yazd, a cerca de 140 quilômetros a sudoeste de sua capital, Abarkuh ocupa um lugar central no “triângulo dourado” das cidades de Shiraz, Yazd e Isfahan, famosas por seu patrimônio cultural e histórico. Esta descoberta revela não apenas técnicas avançadas de construção e gerenciamento de recursos hídricos, mas também aspectos fascinantes do cotidiano de uma comunidade que viveu há cerca de 250 anos.

A descoberta foi anunciada por Hossein Hatami, governador de Abarkuh, que destacou a relevância cultural e arquitetônica do achado. Sob as fundações rochosas de cinco casas históricas, arqueólogos encontraram um labirinto de túneis, câmaras de pedra e um aqueduto de design sofisticado. Esse complexo subterrâneo não era apenas funcional, mas também um testemunho da engenhosidade dos antigos habitantes da região.

Fotografias aéreas e investigações preliminares indicam que essas estruturas foram projetadas para atender às necessidades de sobrevivência e conforto da população local. As fundações rochosas sobre as quais as casas foram construídas abrigavam caminhos subterrâneos que serviam a diversos propósitos. Entre eles, destacam-se o gerenciamento de água, o controle da temperatura durante os verões rigorosos e até mesmo como refúgio durante tempos de conflito.

Um dos aspectos mais intrigantes desta descoberta é o sistema de gerenciamento de água, representado por um aqueduto de pedras habilmente esculpidas. As pedras utilizadas na construção deste sistema têm características semelhantes às encontradas em edifícios da era Qajar, sugerindo uma continuidade histórica no uso de materiais e técnicas.

Os túneis subterrâneos foram projetados para transportar e armazenar água, com degraus que conectavam as casas diretamente a esses corredores. Essa estratégia permitia que os moradores administrassem o fluxo hídrico e aproveitassem o resfriamento natural da água corrente, transformando os espaços subterrâneos em áreas de convivência agradáveis mesmo durante o calor extremo.

Esses corredores também desempenhavam um papel crucial na agricultura local, ajudando a irrigar jardins que eram cultivados nas áreas entre as fundações rochosas das casas. A engenhosidade do design reflete uma compreensão avançada das condições climáticas áridas da região e a busca por soluções sustentáveis.

Além da funcionalidade hídrica, as investigações revelaram câmaras maiores que provavelmente serviam como áreas de descanso ou mesmo como residências durante o verão. Esses espaços, cuidadosamente projetados, eram frescos e protegidos das condições climáticas adversas.

Durante períodos de instabilidade política ou invasões, essas estruturas subterrâneas ofereciam um abrigo seguro para os moradores de Abarkuh. A combinação de funcionalidades práticas e estratégicas reforça a importância cultural e histórica dessas construções.

Estima-se que aproximadamente 60 hectares da área histórica de Abarkuh são ocupados por esses canais e estruturas subterrâneas. Dos 400 locais históricos identificados na região, 147 já foram registrados como patrimônio nacional. Essa cidade subterrânea recém-descoberta acrescenta uma nova dimensão à rica herança cultural de Abarkuh, destacando sua importância na história do Irã e suas contribuições para o entendimento das civilizações passadas.

Com pesquisas ainda em andamento, a possibilidade de descobrir mais estruturas subterrâneas em Abarkuh é alta. Esses achados não apenas aprofundam o conhecimento sobre as técnicas de construção e a vida cotidiana do passado, mas também abrem caminho para novos esforços de conservação e turismo cultural.

Abarkuh já é conhecida por suas atrações históricas, como o cipreste de 4.000 anos considerado uma das árvores mais antigas do mundo, e a adição dessa cidade subterrânea a seu portfólio de descobertas pode atrair mais atenção global. No entanto, é essencial que os esforços de preservação considerem os desafios do clima árido e da modernização, garantindo que esse patrimônio seja protegido para as gerações futuras.