Foto: Jason Toohey/ Avanços da Ciência
Nas alturas imponentes dos Andes peruanos, arqueólogos desenterraram uma praça pré-histórica que redefine nossa compreensão das sociedades antigas da América do Sul. A praça de pedra Callacpuma, localizada a mais de 3.000 metros acima do nível do mar, emerge como um testemunho da engenhosidade humana, construída há quase 5.000 anos por povos nômades. Esta descoberta notável, situada na bacia do rio Cajamarca, não apenas desafia nossas percepções sobre a arquitetura antiga, mas também ilumina as práticas rituais e sociais de um período crucial na história humana.
Uma estrutura megalítica monumental
A praça Callacpuma é composta por grandes pedras megalíticas organizadas em dois círculos concêntricos, cada um com 18 metros de diâmetro. Esta configuração cria um espaço cerimonial único, onde se acredita que oferendas foram feitas a deuses esquecidos ao longo de vários milênios. A localização do sítio, cercada por mais de cem pinturas rupestres e parcialmente delimitada por uma estrada inca, sugere sua importância continuada ao longo da história.
O sítio arqueológico de Callacpuma, reconhecido há seis décadas, inclui uma vasta gama de características, desde terraços agrícolas até um complexo sistema de cavernas. O estudo sistemático, iniciado em 2015, culminou na recente datação da praça circular a mais de 4.700 anos atrás, estabelecendo-a como uma das primeiras construções megalíticas conhecidas na região.
Jason L. Toohey, líder da pesquisa, sugere que a praça representa uma das primeiras construções monumentais ao norte dos Andes, simbolizando um período de transição quando comunidades costeiras começaram a interagir com sociedades agrícolas emergentes nas montanhas. A existência de duas entradas, uma das quais parcialmente oculta por um grande bloco de pedra, indica um acesso controlado ao local, possivelmente refletindo sua sacralidade e a realização de rituais específicos.
Evidências de atividades cerimoniais
As escavações no local revelaram fragmentos de cerâmica, cristais de quartzo e uma gema de lápis-lazúli não trabalhada, apontando para o uso contínuo e significado do local ao longo dos séculos. Artefatos do período Layzón sugerem que o local foi visitado periodicamente até ser selado cerimonialmente, refletindo mudanças nos sistemas de crença e a importância de ações coletivas e cooperação regional.
A equipe de pesquisa planeja empregar tecnologias avançadas, como radar de penetração no solo e imagens infravermelhas capturadas por drones, para desvendar ainda mais os mistérios do Callacpuma Plaza. Essas investigações futuras prometem revelar detalhes adicionais sobre as práticas rituais, estruturas sociais e interações culturais dos povos antigos que habitaram essa região.
A descoberta da praça de pedra Callacpuma nos Altos Andes do Peru fornece uma janela fascinante para o passado, mostrando a complexidade e a profundidade das culturas pré-históricas sul-americanas. À medida que os arqueólogos continuam a desenterrar os segredos enterrados neste sítio monumental, somos lembrados da capacidade humana de adaptar, inovar e criar estruturas duradouras que resistem ao teste do tempo. Este sítio não apenas enriquece nosso entendimento da história antiga, mas também celebra o legado das sociedades que formaram as fundações do mundo moderno.