As profundezas misteriosas perto da costa de Alexandria, no Egito, ocultavam até recentemente uma joia arqueológica: os remanescentes de um antigo templo egípcio e um santuário dedicado à divindade grega, Afrodite. Essas notáveis descobertas fazem luz sobre as interações e o fervor religioso dos habitantes da cidade submersa de Thonis-Heracleion.
Recentemente, o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, fez um anúncio que ressoou na comunidade arqueológica. A descoberta, localizada na cidade submersa de Thonis-Heracleion, situada a cerca de sete quilômetros da costa norte do Egito, foi inicialmente revelada pelo Instituto Europeu de Arqueologia Subaquática (IEASM). Esta organização esteve na vanguarda da missão conjunta franco-egípcia que desvendou este achado.
O templo de Amon
Imensos blocos de pedra, testemunhos de um tempo anterior a um evento catastrófico por volta de 200 a.C., são os restos do templo dedicado ao deus Amon. Entre os achados do local, instrumentos rituais de prata, muitas joias em ouro puro – como brincos que retratam cabeças de leão e pendentes do olho de Hórus – e recipientes de alabastro que continham preciosos perfumes, pintam um retrato de opulência e fé profunda.
Islam Selim, líder do Departamento de Arqueologia Subaquática do Conselho Supremo de Antiguidades (SCA), sublinhou a raridade dos instrumentos rituais em prata, já que o metal era considerado de grande valor pelos antigos egípcios.
Afrodite e a presença grega
A descoberta de um santuário dedicado a Afrodite, situado a leste do templo de Amon, sugere fortes laços entre os gregos e a cidade submersa. Mostafa Waziri, Secretário-Geral da SCA, ressaltou essa interconexão histórica, com destaque para artefatos de bronze e cerâmica que solidificam a narrativa de uma profunda relação comercial entre a Grécia Antiga e o Egito.
Thonis-Heracleion: Um porto imerso no mistério
Desde que Thonis-Heracleion foi descoberta em 2001, tem sido uma fonte constante de assombro e descobertas. Servindo como o principal porto do antigo Egito até a fundação de Alexandria em 331 a.C., seu desaparecimento sob as ondas foi resultado de terremotos, maremotos e a elevação do nível do mar.
Ao longo dos anos, o IEASM desvendou tesouros inestimáveis neste local, incluindo navios, âncoras, moedas e objetos de ouro, estátuas monumentais e, evidentemente, os restos do templo colossal em honra ao deus Amon.
Segundo os estudiosos, até este momento, setembro de 2023, apenas 5% dos segredos e tesouros de Thonis-Heracleion foram descobertos pelos arqueólogos. Ou seja, ainda vem muita novidade pela frente.
As águas ao redor de Alexandria têm revelado, pouco a pouco, sua riqueza histórica e cultural. Cada escavação, como a que trouxe à luz o templo de Amon e o santuário de Afrodite, nos aproxima mais do passado esplêndido do Egito e de sua intrincada rede de relações com outras civilizações.