A história muitas vezes nos surpreende com achados que redefinem o que sabíamos sobre nossos antecessores. Uma dessas surpresas foi recentemente desenterrada na Turquia: Sarayini, uma cidade subterrânea que remonta ao século 8 e pode ser a maior já encontrada no país.
O nome “Sarayini” não foi escolhido por acaso. Traduzido como “palácio” em turco, reflete bem o que os arqueólogos encontraram no local: uma vasta estrutura complexa, estendendo-se por pelo menos 20 mil m² e vários níveis de profundidade. A grandiosidade e a riqueza de detalhes fizeram com que Hasan Uğuz, o arqueólogo responsável pela escavação, comparasse a cidade a um palácio.
A principal teoria é que Sarayini serviu de refúgio para os cristãos que eram perseguidos por líderes muçulmanos locais e pelo Império Romano. Isso explicaria a necessidade de um espaço subterrâneo, onde poderiam se esconder e viver com certo conforto, longe das ameaças do mundo externo.
Um olhar detalhado sobre a cidade
As escavações até o momento revelaram cerca de 30 câmaras, que provavelmente funcionaram como espaços residenciais. E não era uma moradia qualquer. Sarayini contava com fogões, chaminés, armazéns, oficinas, espaços de convivência e até candeeiros a óleo para iluminação. Tudo isso sugere um padrão de vida relativamente alto, especialmente para uma cidade escondida sob a terra.
Localizada no distrito de Sarayönü, em Konya, a cidade impressiona também por sua complexidade arquitetônica. Um corredor amplo, similar a uma rua principal, é ladeado por várias galerias. Túneis e outros corredores ligam essas áreas, criando uma verdadeira rede de passagens.
Apesar de todo o progresso nas escavações, a equipe acredita que muito mais ainda espera ser descoberto. Relatos de moradores mais velhos da região sugerem que a extensão de Sarayini é ainda maior do que se imagina. Além disso, a existência de outras cidades subterrâneas nas proximidades levanta a questão: estariam todas elas conectadas?
A descoberta de Sarayini nos lembra de que, sob nossos pés, jazem histórias esperando para serem contadas. A cada câmara desenterrada, um pedaço da vida daqueles que viveram há séculos é revelado. Enquanto as escavações continuam, podemos apenas especular sobre os mistérios que ainda aguardam nas profundezas do subsolo turco.
As maravilhas subterrâneas de Konya e da Turquia
Konya, uma região rica em história na Turquia, não é estranha aos mistérios do subsolo. Sarayini, a recente descoberta, é apenas um dos muitos exemplos de cidades subterrâneas espalhadas por esta vasta nação. Estas cidades, escavadas nas rochas, são testemunhos da habilidade e engenhosidade dos povos antigos, que buscavam refúgio, proteção ou simplesmente um lugar para adorar em paz.
Uma das mais famosas cidades subterrâneas da Turquia é Derinkuyu, localizada na região da Capadócia. Com profundidade que alcança vários níveis abaixo da superfície, Derinkuyu poderia acomodar até 20.000 pessoas, juntamente com seus animais e provisões. Como muitas outras cidades subterrâneas, acredita-se que ela tenha sido usada por comunidades cristãs para se protegerem das perseguições.
Kaymakli, também na Capadócia, é outra cidade subterrânea fascinante, embora menor que Derinkuyu. Suas complexas redes de túneis, salas e passagens mostram um planejamento meticuloso. Ambas as cidades, juntamente com outras na região, estão interligadas por túneis, permitindo o movimento entre elas, o que era especialmente útil em tempos de ameaças externas.
Voltando a Konya, a descoberta de Sarayini destaca a possibilidade de outras cidades subterrâneas ainda não descobertas na região. Com a contínua exploração e investigação arqueológica, é provável que mais destas maravilhas escondidas venham à luz, contribuindo para nossa compreensão da rica tapeçaria histórica da Turquia.
As cidades subterrâneas da Turquia são um testemunho da resiliência e adaptabilidade humanas. Eles são uma janela para um passado onde a necessidade de sobrevivência e proteção moldou arquiteturas subterrâneas complexas, permitindo que gerações vivessem e prosperassem longe dos olhos do mundo.