Arqueólogos revelaram recentemente uma descoberta extraordinária: eles decifraram um verso de Virgílio, o maior poeta da Idade do Ouro de Roma, esculpido em um pequeno pedaço de um jarro romano. Essa descoberta tem sido chamada de “excepcional” pelos especialistas, pois é a primeira vez que versos do renomado poeta foram encontrados em um recipiente comercial.
O fragmento contendo o verso foi encontrado durante uma prospecção realizada pelo OLEASTRO, uma colaboração entre as Universidades de Córdoba, Sevilha e Montpellier, no município de Hornachuelos, na província de Córdoba. Trata-se de um fragmento de uma ânfora de óleo da província romana de Bética, datando de aproximadamente 1.800 anos atrás, e possui um texto inscrito sobre sua superfície.
Diferentemente dos vasos cerâmicos comuns, que normalmente continham informações sobre os produtores, quantidades e impostos, esse fragmento, com apenas oito centímetros por oito centímetros, parece conter uma quantidade incomum de texto. A descoberta de um pedaço de ânfora nessa região, conhecida como a planície do rio Guadalquivir, não foi surpreendente, pois essa área era considerada um dos principais centros de produção e comércio de azeite no Império Romano.
Embora a riqueza epigráfica das ânforas Oleary da Bética fosse conhecida desde os tempos antigos, já que os ceramistas romanos gravavam seus selos ou escreviam rótulos com nomes de pessoas, datas ou lugares, nunca se esperava encontrar poemas nelas. Por isso, inicialmente, o fragmento com texto não parecia ter um significado especial. No entanto, tudo mudou quando os especialistas conseguiram decifrar a epígrafe, revelando as seguintes palavras: “S vais avoniam glandemm arestapoqv tisaqv it”.
Através de uma análise cuidadosa e comparação, os pesquisadores determinaram que o texto corresponde aos sétimo e oitavo versos do primeiro livro das “Geórgicas”, uma obra escrita pelo célebre poeta romano Virgílio em 29 a.C., que trata das práticas agrícolas e da vida rural. Os versos inscritos na ânfora dizem: “Auoniam[pingui]glandem m[utauit]aresta, poq[ulaque][inuen]tisAqu[eloia][miscu]it [uuis]” – que pode ser traduzido como “Cambiou la bellota aonia por la espiga [fértil] [y mezcl]óel ag[ua] [con la uva descubierta]”.
A principal teoria dos pesquisadores é que esses versos, escritos na parte inferior da ânfora, não foram destinados a serem vistos. Acredita-se que o autor estava possivelmente fazendo um exercício de memória ou talvez quisesse ensinar uma criança a ler. Essa descoberta lança muito mais perguntas que ainda precisam ser respondidas, tornando o fragmento da ânfora um objeto único e fascinante.