Um estudo recente publicado na Scientific Reports trouxe à tona descobertas fascinantes sobre os primeiros habitantes humanos da Suécia. Analisando resina de casca de bétula mastigada por adolescentes há 10.000 anos, os pesquisadores conseguiram extrair informações valiosas sobre os estilos de vida, as dietas e a saúde das pessoas na Idade da Pedra.
Descobertos em Huseby Klev, ao norte de Gotemburgo, três pedaços de resina de bétula com impressões dentárias forneceram evidências de que o material servia não apenas como ‘chiclete’, mas possivelmente como um adesivo prático na construção de ferramentas e armas. Este uso multifuncional sublinha a criatividade e a habilidade dos habitantes da época em utilizar recursos naturais disponíveis.
Além de suas aplicações práticas, os pesquisadores sugerem que a mastigação da resina poderia ter também um propósito social ou medicinal. A predominância de adolescentes entre os mastigadores indica que essa era uma prática comum na comunidade. Especula-se que eles pudessem ter apreciado o sabor ou acreditado em propriedades curativas da resina, embora os motivos exatos ainda sejam um mistério.
Análises genéticas revelaram informações surpreendentes sobre os indivíduos que mastigaram a resina. Em um estudo de 2019, o DNA extraído de um pedaço de resina indicou que a mastigadora era uma mulher geneticamente mais próxima dos caçadores-coletores da Europa Ocidental do que da Escandinávia central. Ela provavelmente possuía pele escura, cabelo castanho escuro e olhos azuis. A análise também identificou componentes de sua dieta, como veados, avelãs e trutas, e até fragmentos de DNA de várias bactérias e vírus, incluindo o Epstein-Barr.
Um aspecto particularmente revelador foi a descoberta de sinais de periodontite avançada em uma adolescente. Essa condição sugere que ela sofria de dor dental significativa, oferecendo um vislumbre íntimo das condições de saúde enfrentadas por esses povos antigos.
As descobertas relacionadas à resina de casca de bétula mastigada em Huseby Klev são mais do que um mero achado arqueológico. Elas representam uma conexão direta e tangível com os indivíduos do passado, oferecendo insights inestimáveis sobre suas vidas diárias, saúde e alimentação.
Essas ‘gomas de mascar’ antigas não só revelam hábitos alimentares, mas também encerram um vínculo pessoal com pessoas que viveram milhares de anos atrás, unindo artefatos físicos a experiências humanas da pré-história.