Arqueólogos encontram um magnífico anel de ouro de 1800 anos em escavações na França

Arqueólogos na região da Bretanha, França, realizaram uma descoberta extraordinária em escavações próximas à cidade de Pacé. Um anel de ouro datado do segundo ou terceiro século a.C., adornado com a imagem de Vênus Victrix, destacou-se entre os artefatos encontrados. Essa versão romana da deusa Vênus simbolizava vitória e força, associando-se à mitologia que sustentava a legitimidade de líderes romanos, como Júlio César.

O Instituto Nacional Francês de Pesquisa Arqueológica Preventiva (INRAP) confirmou a descoberta, que ocorre no contexto de uma extensa pesquisa que revelou vestígios de civilizações desde a Idade do Bronze até a Idade Média. Os arqueólogos destacam que cada achado contribui para um panorama mais detalhado da evolução cultural e econômica da região.

O anel é composto por uma face de ônix preto-azulado, conhecida como nicolo, e sua gravura detalhada de Vênus Victrix o coloca entre os itens mais valiosos da Roma antiga. Provavelmente pertencente a um romano de elite, o artefato era tanto uma joia quanto um símbolo de status e poder.

A imagem de Vênus Victrix, escolhida para adornar o anel, não é casual. Na Roma antiga, a deusa personificava beleza, coragem e vitória. Júlio César, por exemplo, alegava descender de Vênus como forma de legitimar sua posição no poder. O uso desse símbolo em um anel tão intrincado sugere que ele não era apenas decorativo, mas também funcional, servindo como um selo pessoal usado em documentos e correspondências oficiais.

O anel foi encontrado junto a uma estrada romana bem preservada, que servia como uma importante rota de conexão entre vilarejos rurais e cidades maiores. Essa estrada representa não apenas a habilidade de engenharia dos romanos, mas também seu papel na expansão do império e na integração das comunidades sob seu controle.

Além do anel, a equipe do INRAP identificou uma vila medieval ocupada entre os séculos V e X. Com estruturas de madeira e telhados vegetais, o assentamento tinha áreas dedicadas à agricultura, pastoreio e armazenamento de grãos, evidenciando práticas de subsistência da época. A divisão em lotes quadrados e o uso de passarelas entre as estruturas revelam um planejamento organizado e adaptado às necessidades da comunidade.

As escavações também trouxeram à tona vestígios da Idade do Bronze Tardia, incluindo moldes de terracota usados na fabricação de armas e ferramentas. Estes moldes, associados a fragmentos de cerâmica, indicam que o local era habitado por uma sociedade tecnologicamente desenvolvida para sua época.

Mais ao sul, foram identificados traços de um assentamento da Idade do Ferro. A principal descoberta nesse local foi um par de recintos curvos e escavados, um dos quais forma um círculo de 15 metros de diâmetro. Especialistas sugerem que esta pode ter sido a localização de uma tumba, indicando um sistema de crenças e rituais funerários. A presença dessas estruturas reforça a ideia de que a região foi habitada de forma contínua ao longo dos séculos, com diferentes culturas deixando suas marcas.

A estrada romana descoberta durante as escavações é um exemplo da engenharia de infraestrutura do império. Construída para resistir ao tempo, ela possui aproximadamente oito metros de largura e é revestida com cascalho de quartzo durável. Valas escavadas em ambos os lados garantiam a drenagem eficiente da água da chuva, evitando danos estruturais.

Essa estrada desempenhou um papel vital na vida da região, facilitando o transporte de bens, pessoas e ideias. Durante o período romano, as estradas eram essenciais para a administração e defesa do império. Elas também influenciaram diretamente os padrões de assentamento, conectando pequenas comunidades a centros urbanos e mercados.

Mesmo após o colapso do Império Romano, muitas dessas estradas continuaram a ser usadas, garantindo a ocupação da área em épocas posteriores. Essa continuidade demonstra a importância duradoura da infraestrutura romana para a organização social e econômica da Europa.

Cada artefato encontrado em Pacé conta uma história que atravessa milênios. O anel de Vênus Victrix é mais do que uma peça de joalheria; é um testemunho da sofisticação cultural e política da Roma antiga. Ao mesmo tempo, os vestígios de assentamentos anteriores e posteriores revelam como diferentes sociedades moldaram e foram moldadas por seu ambiente.

As descobertas também reforçam a importância da arqueologia preventiva, como a realizada pelo INRAP, para preservar e estudar o patrimônio histórico antes que ele seja perdido devido ao desenvolvimento moderno.

Enquanto os arqueólogos continuam a escavar e analisar os achados, cada detalhe contribui para um mosaico mais rico da história humana. Pacé, com sua variedade de vestígios, agora ocupa um lugar de destaque como um ponto de conexão entre diferentes épocas e culturas.