Um estudo conduzido pela Repu (Rede Escola Pública e Universidade) e pelo Gepud (Grupo Escola Pública e Democracia) lançou luz sobre as preocupações dos alunos do novo ensino médio no estado de São Paulo. Essa pesquisa, pioneira em acompanhar os efeitos da reforma curricular, revelou que uma parcela significativa dos estudantes não se sente preparada para enfrentar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e outros vestibulares após concluírem essa etapa educacional.
Pra quem tem pressa:
Após três anos desde a implementação do novo modelo de ensino médio, cerca de 85% dos alunos entrevistados manifestaram não se sentirem aptos para encarar os desafios dos exames de ingresso ao ensino superior. A pesquisa, realizada em seis escolas estaduais, ouviu 696 estudantes no final de 2023.
Mudanças Curriculares e Impactos
O novo modelo de ensino médio, estabelecido pela lei sancionada durante o governo Temer, visa proporcionar aos alunos 3.000 horas de aulas ao longo dos três anos dessa etapa. No entanto, a distribuição dessas horas entre disciplinas comuns e itinerários formativos tem gerado controvérsias.
A redução do tempo dedicado às disciplinas tradicionais em favor dos itinerários formativos foi apontada como uma das principais razões para o despreparo dos estudantes. A pesquisa revelou que muitos alunos não tiveram a oportunidade de cursar os itinerários que escolheram, e aqueles que o fizeram expressaram insatisfação com a qualidade das disciplinas oferecidas.
Além da preocupação com os exames de ingresso ao ensino superior, o estudo ressalta a diminuição da motivação dos estudantes para continuar os estudos e a falta de perspectivas de melhoria na qualidade de vida. Márcia Jacomini, coordenadora da pesquisa, destaca que 79,3% dos entrevistados acreditam que a redução das disciplinas comuns terá impactos negativos em suas vidas.
Busca por Soluções
Diante desses desafios, tanto os governantes quanto os educadores têm buscado soluções para mitigar os problemas enfrentados pelos alunos. A proposta de alteração na carga horária destinada às disciplinas comuns, discutida em nível federal, é um exemplo disso.
O estudo realizado pela Repu e pelo Gepud evidencia a necessidade de revisão e adaptação do novo modelo de ensino médio para garantir uma formação mais completa e preparar os alunos do novo ensino médio adequadamente para os desafios acadêmicos e profissionais que os aguardam. É fundamental que as políticas educacionais considerem não apenas a quantidade, mas também a qualidade do ensino oferecido, visando o desenvolvimento integral dos estudantes e a construção de um futuro mais promissor para a juventude brasileira.
Repensando o Futuro da Educação dos alunos do novo ensino médio
O estudo realizado pela Repu e pelo Gepud não apenas expõe as lacunas e desafios do atual modelo de ensino médio, mas também aponta para a necessidade urgente de reformulações profundas no sistema educacional brasileiro. É inegável que as intenções por trás da reforma foram nobres, buscando oferecer aos estudantes uma formação mais alinhada às suas aptidões e interesses. No entanto, os resultados obtidos até o momento indicam que os alunos do novo ensino médio não se adaptaram as mudanças implementadas não estão alcançando os resultados esperados.
É fundamental que os gestores da educação, tanto em nível estadual quanto federal, ouçam atentamente as vozes dos estudantes e educadores, levando em consideração suas experiências e percepções para orientar futuras políticas educacionais. Além disso, é imprescindível investir na formação continuada dos professores, garantindo que estejam preparados para enfrentar os desafios de um currículo flexível e adaptável.
Mais do que apenas corrigir os problemas atuais, é preciso também repensar o propósito e os objetivos da educação no Brasil. Devemos nos perguntar: qual é o papel da escola na formação dos cidadãos do século XXI? Como podemos garantir que todos os alunos do novo ensino médio tenham acesso a uma educação de qualidade, independentemente de sua origem socioeconômica ou local de residência?
Somente através de um diálogo aberto e colaborativo entre todos os envolvidos no processo educacional dos alunos do novo ensino médio poderemos construir um futuro onde cada aluno possa alcançar seu pleno potencial e contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva.