Cientistas Chineses encontram água molecular em solo lunar

A recente descoberta de água molecular em amostras de solo lunar trouxe pela sonda chinesa Chang’e-5 causou um grande impacto na comunidade científica internacional. Essa descoberta pode transformar a exploração espacial futura, proporcionando novos recursos potenciais para a habitação lunar.

Cientistas da China, ao analisar essas amostras, encontraram água em uma forma que nunca havia sido detectada antes.

A descoberta foi feita através da análise detalhada de amostras coletadas pela sonda Chang’e-5, que pousou na Lua em 2020. Estas amostras continham um cristal transparente, descrito como “um mineral lunar desconhecido” denominado ULM-1. Este mineral possui a fórmula química (NH4)MgCl3·6H2O e é composto por aproximadamente 41% de água. A amônia presente no mineral atua como um estabilizador, mantendo as moléculas de água estáveis apesar das variações extremas de temperatura na Lua.

Esta é a primeira vez que água em sua forma molecular foi encontrada em amostras físicas da Lua, especialmente em uma região onde não se esperava que água pudesse existir. Segundo os cientistas, esse tipo de água poderia ser um recurso vital para futuras missões de habitação lunar.

A presença de água molecular na Lua abre novas possibilidades para a exploração e habitação lunar. A água é essencial não só para o consumo humano, mas também pode ser convertida em oxigênio e hidrogênio, elementos fundamentais para a vida e para o combustível de foguetes.

David A. Kring, cientista do Instituto Lunar e Planetário no Texas, destacou que a descoberta aumentará a compreensão das reações rocha-vapor na crosta e superfície lunar. Yuqi Qian, geólogo planetário da Universidade de Hong Kong, ressaltou que a nova descoberta pode permitir a extração direta de água molecular do solo lunar, um mecanismo que não era considerado viável antes.

Desafios na extração de água lunar

Existem três formas de água que podem existir na Lua: moléculas de água (H2O), gelo e hidroxila (OH). Anteriormente, acreditava-se que a água estava presente principalmente nos polos lunares frios e sombreados. No entanto, a nova descoberta sugere que água molecular também pode estar presente em latitudes médias, estabilizada por amônia.

A extração de água na Lua enfrenta vários desafios, incluindo o terreno rochoso e as temperaturas extremas. Além disso, a água molecular tende a vaporizar em regiões mais quentes, o que complica ainda mais sua coleta.

A China tem feito avanços significativos no campo da exploração espacial nos últimos anos. Desde 2013, com o primeiro pouso robótico na Lua em quase quatro décadas, até o pouso no lado oculto da Lua em 2019 e a conclusão da estação espacial Tiangong em 2022, o país tem demonstrado um progresso constante.

Os planos da China incluem o envio de astronautas à Lua até 2030 e a construção de uma base de pesquisa no polo sul lunar. A compreensão de como a água é armazenada na Lua pode orientar futuros astronautas em direção a recursos potenciais, convertendo-os em água potável ou combustível para foguetes.

A descoberta foi amplamente celebrada nas redes sociais chinesas, com usuários destacando o orgulho nacional e os avanços científicos do país. Muitos comentaram sobre o potencial de cultivar plantas na Lua usando a água molecular encontrada, embora especialistas, como Yuqi Qian, alertem que é cedo para tais conclusões.

A descoberta também levantou questões sobre a cooperação internacional. Desde 2011, a NASA está proibida de colaborar com a China devido à Emenda Wolf, mas a abertura de acesso às amostras da Chang’e-5 para a comunidade científica internacional mostra um passo positivo para a colaboração futura.