Em um intrigante estudo realizado em 2022, as Galerias Nacionais da Escócia encontraram, de forma acidental, um fascinante segredo escondido nas profundezas de uma obra-prima de Vincent Van Gogh. Durante um processo de catalogação, empregando análises de raio-x para examinar a pintura intitulada “Head of a Peasant Woman” (ou “Cabeça de uma mulher camponesa” em português), finalizada pelo mestre em 1884, os pesquisadores fizeram uma descoberta extraordinária: um segundo desenho, revelando um autorretrato do próprio Van Gogh, oculto sob as camadas de tinta.
Lesley Stevenson, líder da iniciativa que conduziu essa revelação, expressou a empolgação inicial ao deparar-se com a imagem de raio-x. “Uma descoberta tão significativa acontece apenas uma ou duas vezes na vida de um curador, que trabalha para preservar os itens históricos dos museus”, comentou.
Não é a primeira vez que rascunhos de autorretratos experimentais de Van Gogh são descobertos no verso de suas telas. No entanto, essas revelações têm ocorrido recentemente, graças às avançadas tecnologias de análise de obras, que utilizam métodos não invasivos.
A descoberta ocorreu enquanto as Galerias Nacionais escocesas se preparavam para uma exposição sobre o movimento impressionista na França, no qual Van Gogh desempenhou um papel significativo durante seus anos naquele território francês, apesar de ser originário da Holanda.
Os pesquisadores enfrentarão agora o desafio de revelar completamente o desenho recém-descoberto de Van Gogh. Esse processo delicado envolve a tentativa de dissolver a cola que une a pintura “Head of a Peasant Woman” a uma camada de papelão, sem danificar as tintas do autorretrato. A escolha cuidadosa de métodos levará em consideração as diferentes propriedades de solubilidade dessas substâncias químicas.
A especulação sobre a razão pela qual Van Gogh reutilizava materiais dessa maneira aponta para a falta de recursos financeiros. O verso da tela de “Head of Peasant Woman” teria sido utilizado para o esboço do autorretrato cerca de dois anos após a conclusão da pintura original.
Além do autorretrato surpreendente, a obra apresenta outro elemento intrigante: a representação de Gordina de Groot, envolvida romanticamente com o artista, segundo a crença popular da época, embora Van Gogh sempre tenha negado o envolvimento.
A trajetória da obra até as mãos das Galerias Nacionais da Escócia envolveu uma doação do advogado Alexander Maitland nos anos 60. Antes disso, a pintura passou pelas mãos de uma colecionadora britânica e teve um período em que ficou perdida, provavelmente após 1905, quando foi emprestada pela família de Van Gogh para uma exposição em Amsterdã, conforme relatos do The Art Newspaper.
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