A razão por trás do retorno das sanções dos EUA ao governo de Maduro na Venezuela

Na última segunda-feira, dia 29 de janeiro, o governo dos Estados Unidos surpreendeu ao anunciar a reimposição de sanções econômicas à Venezuela. Essa decisão ocorre apenas três dias após a Justiça venezuelana ter confirmado a desqualificação da candidata presidencial da oposição, María Corina Machado. O episódio marca um novo capítulo nas já tensas relações entre os dois países e representa um retrocesso significativo para a possível normalização política na Venezuela.

As primeiras medidas das sanções dos EUA recaem sobre o setor de mineração. De acordo com o Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA, qualquer empresa americana que mantenha transações comerciais com a estatal venezuelana Minerven tem até o dia 13 de fevereiro para encerrar essas operações. Essa decisão acontece após uma série de alertas emitidos por Washington a Caracas, indicando que o relaxamento das sanções iniciado no ano anterior poderia ser revertido.

María Corina Machado, eleita por ampla maioria em outubro como a candidata de unidade da oposição, já havia sido desqualificada pela Controladoria-Geral da Venezuela (CGR) em junho, impedindo-a de concorrer a cargos eletivos por um período de 15 anos. Além disso, a Suprema Corte venezuelana confirmou recentemente a desqualificação de seu possível substituto na oposição, Henrique Capriles. Essas ações, juntamente com o retorno das sanções dos EUA, representam um obstáculo significativo para a normalização das relações entre os EUA, a Venezuela e a oposição venezuelana.

Os Estados Unidos têm exigido, como parte das negociações para normalizar as relações, garantias eleitorais por parte da Venezuela, incluindo a retirada da inelegibilidade de membros da oposição, o relaxamento de proibições e a libertação de presos políticos e americanos detidos injustamente. Em contrapartida, a Casa Branca havia aliviado algumas das sanções que impactavam a economia venezuelana, como os limites à venda de petróleo e gás no exterior.

Entretanto, a reimposição das sanções e as ações recentes no cenário político venezuelano, como a prisão de líderes regionais da campanha de Machado e as acusações de conspirações contra o governo, aumentaram a incerteza em relação ao futuro do país. Maduro declarou que os acordos assinados com a oposição em Barbados em 2023 estão “mortalmente feridos”, sinalizando um agravamento do clima político.

A Venezuela enfrenta mais um desafio em sua busca por estabilidade política e econômica. A reimposição das sanções pelos Estados Unidos e a desqualificação de María Corina Machado são eventos que minam a esperança de normalização nas relações bilaterais. Enquanto as tensões persistem, resta acompanhar de perto os desdobramentos políticos e econômicos que afetam a nação sul-americana e sua população.