No próximo domingo, dia 22 de setembro, às 9h44, a primavera finalmente chega, trazendo com ela a promessa de dias mais floridos e temperaturas mais amenas. Este ano, a estação das flores é ainda mais aguardada, principalmente pelo setor agrícola, que enfrentou um inverno atípico, marcado por seca intensa e temperaturas bem acima da média histórica.
A chegada da nova estação desperta expectativas positivas, especialmente para a floricultura no estado do Paraná, um setor que, embora represente uma pequena parcela do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), tem mostrado crescimento consistente nos últimos anos.
A floricultura paranaense, mesmo impactada pelo inverno rigoroso, conseguiu registrar resultados expressivos em 2023, confirmando seu papel relevante na diversidade do setor agropecuário estadual. Com um VBP de R$ 249,6 milhões no último ano, a floricultura representa um segmento em ascensão, que aproveita as condições climáticas mais favoráveis da primavera para expandir sua produção e aumentar a rentabilidade.
Apesar de sua contribuição de 0,13% para o VBP do estado, a floricultura paranaense tem se destacado como um segmento em constante evolução. Segundo o engenheiro agrônomo Paulo Andrade, do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o setor tem mostrado resiliência, mesmo diante de adversidades climáticas. Em 2022, o VBP da floricultura foi de R$ 216,7 milhões, enquanto em 2023, esse número saltou para R$ 249,6 milhões, representando um crescimento de 15,2%.
Esse aumento é reflexo da diversificação de espécies cultivadas e da adaptação dos produtores às condições climáticas locais. O estado do Paraná se destaca pela variedade de plantas ornamentais, gramados e mudas para arborização, sendo que a maior parte da produção está concentrada nas regiões de Maringá e Curitiba, responsáveis por mais de 55% do VBP total do setor.
Entre os produtos que impulsionaram o crescimento da floricultura no Paraná, os gramados foram os principais responsáveis, respondendo por 63,4% do VBP do setor em 2023, o que equivale a R$ 158,3 milhões. Essa predominância se deve à alta demanda por gramados em paisagismo urbano, áreas esportivas e residenciais, além do uso crescente em eventos de grande porte.
As plantas ornamentais perenes, por sua vez, representam 9,7% do VBP da floricultura, com um valor de R$ 21,6 milhões. Essas plantas são essenciais para o embelezamento de áreas públicas e privadas, o que mantém sua procura estável ao longo do ano. Além disso, mudas para arborização e a exótica Flor do Deserto complementam a lista de espécies que contribuíram para o desempenho positivo do setor em 2023.
A produção diversificada é um dos trunfos da floricultura paranaense, permitindo que os produtores se adaptem às flutuações de mercado e clima. Esse dinamismo é o que torna o setor capaz de crescer, mesmo enfrentando desafios como o inverno seco e quente de 2023.
O inverno de 2023 foi atípico para os padrões paranaenses. Com uma seca prolongada e temperaturas acima das médias históricas, muitas culturas agrícolas sofreram danos, incluindo a produção de flores e gramados. No entanto, a chegada da primavera traz consigo a esperança de uma recuperação gradual, à medida que o clima se torna mais favorável ao crescimento das plantas.
De acordo com especialistas, as condições climáticas da primavera são essenciais para a recuperação das espécies vegetais, especialmente após um período de estresse hídrico. As chuvas típicas da estação e as temperaturas moderadas devem criar um ambiente propício para o desenvolvimento das flores, favorecendo o aumento da produção e da qualidade dos produtos florais.
Para o setor da floricultura, a expectativa é que a primavera de 2023 permita uma recuperação significativa das áreas mais afetadas pela seca. Além disso, a demanda por flores ornamentais tende a aumentar durante a primavera, especialmente com a proximidade de datas comemorativas como o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, que impulsionam as vendas no mercado local e nacional.
A floricultura é uma atividade que se espalha por praticamente todas as regiões do Paraná, mas algumas cidades se destacam pela relevância na produção. O município de Marialva, por exemplo, lidera o ranking de produção, com uma participação de 17,1% no VBP da floricultura em 2023, o que representa R$ 42,5 milhões. A cidade é reconhecida pela produção de flores ornamentais e gramados de alta qualidade, exportando para outras regiões do país.
Em seguida, São José dos Pinhais aparece com 14% do VBP da floricultura, somando R$ 34,8 milhões. A cidade é um polo importante na produção de plantas ornamentais e gramados, abastecendo tanto o mercado local quanto o nacional. Outras cidades que se destacam no setor são Cascavel, com 5,7% do VBP (R$ 14,1 milhões), e Mandaguari, com 5,4% (R$ 13,7 milhões).
Essas cidades possuem um ambiente favorável ao desenvolvimento da floricultura, combinando clima, solo fértil e uma estrutura de produção eficiente. O sucesso dessas regiões é um indicativo do potencial que a floricultura pode atingir, à medida que o setor se adapta às novas demandas do mercado e às mudanças climáticas.
Com a chegada da primavera e as expectativas de um clima mais ameno, o setor de floricultura no Paraná tem a oportunidade de continuar crescendo e expandindo sua participação no mercado agropecuário. Embora ainda represente uma pequena parcela do VBP total, o potencial de crescimento é significativo, principalmente com a diversificação de espécies e a adoção de novas tecnologias de cultivo.
A sustentabilidade também se apresenta como um fator determinante para o futuro da floricultura. A adoção de práticas sustentáveis, como o uso racional da água e a preservação de áreas verdes, pode contribuir para o fortalecimento do setor, garantindo que ele continue crescendo de forma equilibrada e responsável.
Além disso, o fortalecimento de parcerias entre produtores, governo e iniciativa privada pode impulsionar ainda mais o desenvolvimento do setor, oferecendo suporte técnico e financeiro para os produtores enfrentarem os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela competitividade do mercado.