Em uma descoberta que desafia as percepções tradicionais sobre a história escandinava e a era dos vikings, arqueólogos na Noruega encontraram a pedra rúnica mais antiga já registrada. Datada do início do século III, esta pedra não só representa um marco arqueológico significativo, mas também oferece uma janela rara para as práticas culturais e linguísticas da Escandinávia antiga.
Descoberta em um cemitério próximo ao Lago Tordan, em Singar Steinen, a pedra foi meticulosamente estudada desde sua descoberta em 2021, com resultados que agora são compartilhados com o mundo.
Localizada em um contexto funerário modesto, a pedra rúnica foi encontrada entre ossos cremados e carvão, sugerindo práticas rituais específicas da época. A análise osteológica dos restos cremados revelou que pertenciam a um adulto que viveu no início do século III. Esta contextualização cronológica é crucial, pois redefine nossa compreensão da utilização das runas na Escandinávia.
As inscrições na pedra, apesar de primitivas, foram capazes de ser decifradas pelos especialistas, revelando o nome “Ida”. Este achado é notável não apenas pela antiguidade da inscrição, mas também por ser um dos primeiros exemplos conhecidos de nomes pessoais registrados em runas. A identificação do nome “Ida” fornece evidências diretas das pessoas que habitavam a região naquela época e de suas práticas de nomeação.
Esta descoberta altera significativamente a linha do tempo previamente aceita para o uso de runas na Noruega e, por extensão, na Escandinávia. Até agora, acredita-se que a escrita rúnica não fosse amplamente usada até vários séculos depois. A pedra de Singar Steinen sugere que a alfabetização rúnica e a gravação de nomes e eventos em pedra eram práticas estabelecidas muito antes do que se pensava.
Além do seu valor histórico, a pedra rúnica oferece insights sobre as crenças espirituais, práticas sociais e estruturas linguísticas da Escandinávia antiga. A escolha de gravar um nome feminino em uma pedra funerária destaca a importância dos indivíduos dentro de sua sociedade e sugere uma reverência pelos mortos que transcende a materialidade.
A descoberta da pedra rúnica mais antiga na Noruega é um lembrete da complexidade e riqueza da história escandinava pré-viking. Ao redefinir nosso entendimento da alfabetização rúnica e das práticas culturais da época, este achado desafia historiadores e arqueólogos a reconsiderar outras evidências e narrativas históricas.
Além disso, destaca a importância da arqueologia em desvendar os segredos do passado humano, proporcionando uma conexão tangível com as pessoas que viveram há milênios. À medida que a pesquisa continua, esperamos descobrir mais sobre a vida de Ida e o mundo em que ela viveu, abrindo novas janelas para o passado distante da Escandinávia.