Membros da Liga Sindical Feminina (WTUL, na sigla em inglês) de Nova York, Estados Unidos, em protesto.
FOTO DE KHEEL CENTER CORNELL UNIVERSITY LIBRARY
Há muito mais por trás do Dia Internacional da Mulher do que flores, presentes e homenagens. A história desta data remonta aos movimentos trabalhistas da virada do século 19 para o 20, marcada por lutas, greves e reivindicações políticas. Embora muitos o vejam como um dia de celebração, para outros, é um lembrete vital das batalhas enfrentadas pelas mulheres ao longo dos anos.
A socióloga Eva Alterman Blay, em seu artigo “8 de março: conquistas e controvérsias”, traça a origem do Dia Internacional da Mulher até os movimentos operários do final do século 19. Nessas épocas de industrialização crescente, as condições de trabalho eram precárias, e as mulheres, em sua maioria, enfrentavam jornadas exaustivas e salários injustos.
Nos Estados Unidos, em particular, o movimento trabalhista estava em efervescência, liderado por mulheres que se destacavam nas indústrias têxtil e de vestuário. Em 1903, a Liga Sindical Feminina (WTUL) foi fundada por mulheres socialistas, sufragistas e profissionais liberais, marcando o início de uma luta organizada por melhores condições de trabalho.
O primeiro indício do que viria a ser o Dia Internacional da Mulher remonta a 1908, quando mulheres nos Estados Unidos realizaram uma manifestação exigindo direito ao voto e condições de trabalho dignas. Esse movimento cresceu e se espalhou para outras partes do mundo, como Berlim, Viena e São Petersburgo.
O papel crucial de Clara Zetkin, do Partido Comunista Alemão, no 2º Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em 1910, foi fundamental para a proposta de estabelecer um Dia Internacional da Mulher. A data escolhida inicialmente foi 19 de março, marcando manifestações em países como Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça. No entanto, eventos subsequentes contribuíram para a mudança para o dia 8 de março.
Um dos eventos mais marcantes foi o incêndio na fábrica da Companhia de Blusas Triângulo, em Nova York, em 25 de março de 1911, que resultou na morte de 146 trabalhadores, a maioria mulheres. Esse desastre destacou as condições perigosas enfrentadas pelos trabalhadores e impulsionou ainda mais a luta por melhores condições de trabalho.
A greve organizada por trabalhadoras russas do setor de tecelagem, em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano), foi outro marco significativo. Cerca de 90 mil operárias protestaram contra as péssimas condições de trabalho e a participação russa na Primeira Guerra, contribuindo para os eventos que culminaram na Revolução Bolchevique.
Ao longo das décadas seguintes, o dia 8 de março tornou-se cada vez mais associado à luta das mulheres por igualdade e justiça. Em 1975, a Organização das Nações Unidas oficializou o Dia Internacional da Mulher, reconhecendo-o como um marco global na luta pelos direitos das mulheres.
Portanto, enquanto celebramos as conquistas das mulheres em diversas áreas da sociedade, é fundamental lembrar as origens desta data e reconhecer que ainda há muito a ser feito para alcançar a verdadeira igualdade de gênero. O Dia Internacional da Mulher não é apenas um dia de comemoração, mas também um lembrete do poder da solidariedade e da perseverança na busca por um mundo mais justo e inclusivo para todas as mulheres.