Quando levantamos os olhos para o céu estrelado em uma noite limpa, dificilmente imaginamos a grandiosidade que se esconde por trás daqueles pontos luminosos. Cada estrela que enxergamos faz parte de uma galáxia, e cada galáxia abriga bilhões — às vezes trilhões — de estrelas, planetas, gases, poeira cósmica e buracos negros supermassivos. O universo visível, segundo estimativas da ciência moderna, pode conter mais de dois trilhões de galáxias, cada uma com características únicas e histórias que remontam aos primórdios do cosmos.
As galáxias não são apenas conjuntos de astros; elas são as verdadeiras arquitetas do universo. É dentro delas que surgem estrelas, sistemas planetários e, em casos raríssimos como o nosso, a vida. Elas se formaram bilhões de anos atrás, moldadas pela gravidade, pela energia escura e por eventos cósmicos de proporções inimagináveis. O curioso é que, apesar de toda a pesquisa, ainda sabemos muito pouco sobre a complexidade de sua formação e evolução.
Neste artigo, vamos explorar a história do estudo das galáxias, suas principais características, os diferentes tipos existentes, além de curiosidades fascinantes que ajudam a entender por que elas continuam sendo um dos maiores mistérios da astronomia.
O que é uma galáxia?
Uma galáxia é um gigantesco sistema que reúne estrelas, planetas, gases, poeira interestelar e matéria escura, todos unidos pela gravidade. Embora a definição pareça simples, sua dimensão é tão colossal que desafia nossa imaginação. Para se ter ideia, apenas a Via Láctea, galáxia onde está localizado o nosso Sistema Solar, possui cerca de 100 a 400 bilhões de estrelas.
O nome “galáxia” vem do grego galaxias kyklos, que significa “círculo de leite”, em referência ao aspecto esbranquiçado da Via Láctea observado a olho nu. Essa faixa luminosa nada mais é do que a visão lateral de nossa galáxia, iluminada pelo conjunto de bilhões de estrelas distantes.
A descoberta das galáxias
Durante muito tempo, acreditava-se que a Via Láctea era o universo inteiro. Essa visão mudou apenas no século XX, quando o astrônomo norte-americano Edwin Hubble, em 1924, comprovou que a “Nebulosa de Andrômeda” era, na verdade, uma galáxia independente, localizada a mais de dois milhões de anos-luz de nós. A partir dessa descoberta, abriu-se a percepção de que o universo era imensamente maior do que se imaginava.
O telescópio espacial Hubble, lançado em 1990, deu continuidade a esse legado, fotografando milhões de galáxias e revelando que o cosmos é repleto de estruturas que ainda nem conseguimos compreender completamente.
Tipos de galáxias
As galáxias podem ser classificadas em diferentes tipos, segundo a forma e as características de suas estruturas.
- Espirais: como a Via Láctea e Andrômeda, possuem braços que se estendem a partir de um núcleo brilhante. São ricas em gás e poeira, locais ideais para o nascimento de novas estrelas.
- Elípticas: possuem forma oval ou esférica, com pouco gás e poeira, abrigando estrelas mais antigas. São as mais comuns no universo.
- Irregulares: não têm forma definida e geralmente resultam de colisões entre galáxias.
- Lenticulares: estão entre as elípticas e espirais, com um disco semelhante ao das espirais, mas sem braços definidos.

Galáxias em colisão
Embora pareça algo catastrófico, as colisões entre galáxias são eventos naturais e fundamentais para a evolução cósmica. Quando duas galáxias se encontram, suas estrelas dificilmente colidem diretamente, pois a distância entre elas é gigantesca. O que ocorre é uma dança gravitacional que reorganiza o gás e a poeira, desencadeando a formação de novas estrelas.
Um exemplo que envolve diretamente a humanidade é o futuro encontro entre a Via Láctea e Andrômeda. Daqui a cerca de 4 bilhões de anos, as duas galáxias irão se fundir, criando uma nova estrutura colossal, muitas vezes chamada de “Milkomeda” ou “Lactômeda”.
Buracos negros supermassivos
No centro da maioria das galáxias conhecidas existe um buraco negro supermassivo. No caso da Via Láctea, esse objeto é chamado de Sagitário A*, com uma massa equivalente a 4 milhões de sóis. Esses buracos negros exercem um papel crucial na dinâmica galáctica, controlando a movimentação de estrelas e influenciando a evolução da própria galáxia.
Apesar da fama de devoradores cósmicos, estudos recentes sugerem que os buracos negros também podem contribuir para o surgimento de novas estrelas, regulando a quantidade de gás disponível no espaço intergaláctico.
Curiosidades fascinantes
- As galáxias mais distantes que conseguimos observar estão a 13 bilhões de anos-luz, mostrando imagens do universo ainda jovem.
- Estima-se que 90% da massa das galáxias seja composta por matéria escura, algo invisível e ainda misterioso.
- Andrômeda é visível a olho nu em locais de céu limpo, sem poluição luminosa.
- O Telescópio Espacial James Webb já detectou galáxias formadas apenas 300 milhões de anos após o Big Bang.
- Algumas galáxias emitem radiações intensas, chamadas de quasares, tão brilhantes que podem ofuscar todo o conjunto de estrelas que abrigam.

O lugar da Via Láctea
A Via Láctea é apenas uma entre bilhões de galáxias, mas para nós é especial. Localizado em um dos braços espirais, o Sistema Solar orbita o centro galáctico a uma velocidade média de 828 mil km/h. Ainda assim, levaremos cerca de 225 milhões de anos para dar uma volta completa ao redor da galáxia.
Ela se encontra no chamado Grupo Local, um conjunto de mais de 50 galáxias vizinhas, incluindo Andrômeda e a Galáxia do Triângulo. Esse grupo, por sua vez, faz parte do Superaglomerado de Virgem, uma das maiores estruturas conhecidas do universo.
As galáxias são mais do que conjuntos de estrelas: elas são verdadeiros laboratórios cósmicos, onde a vida, o tempo e o espaço se entrelaçam em escalas que fogem à compreensão humana. Desde os primeiros registros filosóficos até as imagens de alta resolução captadas por telescópios modernos, cada descoberta sobre as galáxias nos lembra de nossa pequenez diante da vastidão do cosmos.
Seja observando a Via Láctea de uma praia deserta, seja estudando os dados mais recentes de telescópios espaciais, olhar para as galáxias é, em essência, um exercício de humildade e fascinação. Afinal, compreender como elas se formam e evoluem é também refletir sobre a nossa própria origem e sobre o destino do universo. E, ainda que cada resposta traga novas perguntas, é exatamente esse mistério que mantém viva a chama da curiosidade humana diante do infinito.
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