No coração do Cáucaso, escondida entre as montanhas semidesérticas da República Autônoma de Nakhchivan, repousa Alinja, uma fortaleza que é um verdadeiro testemunho da riqueza histórica e cultural da região. Esta estrutura milenar, que remonta à era dos senhores armênios de Syunik, oferece uma janela única para o passado tumultuado do Azerbaijão e suas nações vizinhas.
Construída entre 189 a.C. e 428 d.C., Alinja começou como uma fortaleza armênia conhecida como Yernjak. Servindo como um bastião defensivo para a nona província do Reino da Armênia, a fortaleza se destacou por sua localização estratégica e design imponente. A escolha do local não foi por acaso: situada em uma região montanhosa, exigia uma subida de mais de 1.600 degraus para alcançá-la, uma característica que não apenas desafiava os visitantes, mas também oferecia uma vantagem defensiva inestimável.
No século XII, a fortaleza de Alinja passou para as mãos da dinastia turca dos Ildegizidas, também conhecidos como Atabegs do Azerbaijão. Essa transição marcou um novo capítulo na história da fortaleza, refletindo as mudanças políticas e culturais na região. Sob o domínio dos Atabegs, Alinja não só manteve sua importância estratégica, mas também se tornou um símbolo do poder e influência da dinastia na região.
O momento mais significativo na história de Alinja foi sem dúvida o cerco enfrentado contra as tropas de Teymur no final do século XIV. Sob o comando de Eldegyz, as muralhas de Alinja resistiram bravamente por impressionantes 14 anos. Este período de resistência épica não apenas demonstra a fortaleza excepcional das estruturas defensivas, mas também ilustra o espírito indomável dos seus defensores.
A fortaleza de Alinja é imortalizada no “Livro de Dede Gorgud”, um poema épico dos Oghuz do século XV. A obra descreve Alinja como uma fortificação altamente forte, enfatizando sua importância simbólica e real na defesa das terras contra invasores. Esse reconhecimento literário adiciona uma camada de misticismo e lendas à já fascinante história de Alinja.
A fortaleza de Alinja não é apenas uma estrutura física; é um símbolo da história compartilhada e da resiliência humana. A sua sobrevivência ao longo de dois milênios, resistindo a conquistas e guerras, faz dela mais do que um monumento histórico. Ela representa a continuidade da civilização humana, suas lutas e triunfos. À medida que o mundo avança, preservar e estudar locais como Alinja é crucial para entendermos nosso passado e moldarmos um futuro mais consciente.