No início de novembro, o governo colombiano lançou uma ambiciosa empreitada: resgatar o tesouro do navio San José, naufragado em 1708 nas águas costeiras do país.
Um tesouro em ouro e prata de valor incalculável adormece no fundo escuro do oceano. Superficialmente, pelo que se imaginva, o tesouro foi avaliado em US$ 20 bilhões, ou R$ 98 bilhões pela cotação atual. Com isso, os olhos brilharam e o tesouro se tornou o epicentro de um intenso debate sobre sua verdadeira propriedade.
O galeão espanhol San José partiu carregado com 200 toneladas de ouro, prata e pedras preciosas com destino à França. No entanto, durante a Guerra da Sucessão Espanhola, a frota de 18 navios, liderada pelo San José, enfrentou a hostilidade de navios de guerra britânicos.
Em meio ao combate, parte da frota fugiu, outro galeão foi capturado, e o navio principal sucumbiu após uma explosão de pólvora. O naufrágio ocorreu aproximadamente 16 km da costa colombiana, levando consigo o “naufrágio mais valioso do mundo” para as profundezas do Caribe.
A saga do San José ganhou destaque em 1982, quando uma empresa americana afirmou ter descoberto os destroços, desencadeando uma disputa que perdura até hoje. Em 2015, pesquisadores contratados pelo governo colombiano localizaram os restos em outro local, iniciando uma batalha legal com a empresa americana, cuja primeira audiência está marcada para dezembro.
A Espanha, alegando propriedade pela Convenção do Direito do Mar de 1982, entra na arena, afirmando que o navio continua sendo seu, independentemente do local do naufrágio. Em 2019, os indígenas bolivianos Qhara também reivindicaram a posse, argumentando que o tesouro é resultado da exploração de seus ancestrais.
Com tantas partes interessadas, a justiça enfrenta o desafio monumental de determinar quem é o legítimo dono do tesouro naufragado há mais de 300 anos, um drama subaquático que ecoa através dos séculos.